sábado, 4 de agosto de 2007

Médicos poderão prescrever medicamentos “personalizados”

Douglas Lauffernburger, cientista do MIT, desenvolveu método que permite prever como células reagem perante um fármaco

E se os médicos pudessem escolher medicamentos específicos de acordo com cada doente? Num futuro muito próximo, esta poderá ser uma realidade. Investigadores norte-americanos deram um passo neste sentido.

Segundo foi noticiado na última edição da revista «Nature», um grupo de cientistas desenvolveu um método que permite prever como as células reagem às substâncias medicamentosas. Esta foi a mais recente descoberta de um grupo de investigadores do Massachussettes Institute of Technology (MIT), nos EUA. De acordo com a publicação científica, esta informação poderá, no futuro, ajudar os médicos a escolher terapêuticas personalizadas, ou seja, de acordo com cada indivíduo.

Douglas Lauffernburger, principal autor do estudo, esclarece na «Nature» que a previsão do comportamento das células é feita perante determinados estímulos ambientais, sendo a informação processada com base na similaridade da sinalização do caminho das células. “Os caminhos de sinalização ajudam a traduzir estímulos ambientais externos às células (como hormonas, químicos ou outras moléculas), os quais vão influenciar a forma como estas se comportam”, clarificou o cientista.

No site do MIT, Douglas Lauffernburger esclarece que “as células assumem funções comportamentais (proliferar, diferenciar ou morrer) em resposta ao estímulo no seu ambiente”, acrescentando que os caminhos de sinalização “são os circuitos biomoleculares que processam a informação do ambiente e regulam os mecanismos que executam as funções comportamentais.”

O investigador atribuiu às proteínas quinase “um papel fundamental” no processo, sustentando que “os caminhos funcionam através dos sinais por elas enviados, de forma a estimular o funcionamento da maquinaria celular com um objectivo específico” e, deste modo, Lauffernburger acredita que - apesar das diferentes respostas que as células dão face ao estímulo a que se sujeitam -, “elas seguem os mesmos caminhos para produzir determinados comportamentos.”

Desenvolver fármacos seguros e eficazes

«De que forma as células interpretam os sinais para produzirem diferentes comportamentos (proliferarção, diferenciação ou morte)?», foi a hipótese levantada pela equipa do MIT que permitiu provar o sucesso do modelo apresentado. Os cientistas acreditam que as células adicionam informação ao longo de caminhos múltiplos de uma forma comum, mesmo considerando que o resultado dos cálculos seja diferente porque, as actividades do caminho são diferentes.”

Para alcançar este resultado – e segundo descodifica a TVC-Notícias no seu site - os investigadores do MIT “desenvolveram um modelo para as células epiteliais do cólon e mediram os níveis de actividade de cinco caminhos de sinalização após estas células serem expostas a vários estímulos.” Depois de monitorizados os vários comportamentos das células, os cientistas testaram o modelo construído para avaliar o que aconteceria a outros tipos de células epiteliais quando expostas ao mesmo estímulo.

Para desenvolver medicamentos seguros e eficazes, Lauffenburger sugere que os laboratórios farmacêuticos usem este tipo do modelo para testar os efeitos das substâncias no contexto específico de cada doente em particular.

Raquel Pacheco

Fonte: «Nature»/notícia do MIT/TVC-Notícias

Metade das mulheres portuguesas não usa métodos anticoncepcionais

O resultado do Inquérito Nacional de Saúde referente a 2005/06 revelou que quase metade das mulheres portuguesas em idade fértil e residentes em território continental, tem relações sexuais sem protecção anticoncepcional.

O inquérito, a cargo do Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge e do Instituto Nacional de Estatística, mostrou que no continente a faixa etária onde a utilização do preservativo menos se verifica é a dos 15 aos 19 anos, enquanto que na Madeira a situação é ainda mais preocupante, pois 85 por cento das jovens afirmou que pratica relações sexuais sem recurso a métodos anticoncepcionais.

A pílula é o método anticoncepcional mais popular, com 65,9 por cento das preferências, seguindo-se o preservativo utilizado por 13,4 por cento das mulheres dos 15 aos 55 anos e o dispositivo intra-uterino que se fica pelos 8,8 pontos percentuais.

A preferência pela pílula é visível em todas as faixas etárias, sendo que as jovens dos 20 aos 24 anos são quem mais recorre a este método, que é utilizado por 87,3 por cento das mulheres nesta faixa etária, sendo também muito utilizada pelas mulheres dos 50 aos 55 anos (24,8).

Para além de tentar conhecer os métodos anticoncepcionais mais utilizados pelas portuguesas, este inquérito serviu também para registar a forma como a população considera o seu estado de Saúde e qualidade de vida, verificando-se que metade dos portugueses fazem uma auto-apreciação muito positiva.

De facto, mais de metade dos portugueses consideram que o seu estado de saúde é 'muito bom ou bom' e apenas 14,1 por cento o classificaram como 'mau ou muito mau'. No que respeita à qualidade de vida, 48,4 por cento dos inquiridos atribuíram a classificação máxima a esta questão, mas mais de 44 por cento refere ser 'nem má, nem boa'.

Inês de Matos

Fonte: Sol
Sistema de carreiras na Administração Pública
Ordem quer reunir com ministro da Saúde

A nova direcção da Ordem dos Farmacêuticos, eleita no dia 21 de Junho, solicitou uma audiência ao ministro da Saúde, com o objectivo de debater a reestruturação da carreira farmacêutica, no âmbito da reforma mais ampla que está em curso na Administração Pública.

Esta reunião surge na sequência de uma ronda de encontros que a OF manteve com o presidente da Assembleia da República e com os partidos políticos que manifestaram interesse no diálogo com os respresentantes da classe farmacêutica. O anteprojecto de lei para a reformulação do sistema de carreiras na Função Pública, aprovado na generalidade pelos deputados, prevê a extinção de 1473 carreiras na Administração Pública, integrando os trabalhadores do sector público em apenas três percursos profissionais, competindo aos ministérios a definição de quais as que deverão manter estatuto especiai nas áreas e serviços sob as suas alçadas.
Para regulamentar a reforma foi pedida a todos os ministérios, até ao dia 24 deste mês, uma resposta sobre a necessidade da manutenção de algumas carreiras especiais. A Ordem dos Farmacêuticos está a acompanhar atentamente este processo, e deu conta da intenção de formalizar, a breve trecho, uma proposta para a carreira farmacêutica. Nessa medida, a equipa directiva da OF, liderada pela bastonária Irene Silveira, apresentou ao gabinete de Correia de Campos um pedido de audiência, durante a qual deverá ser entregue ao ministro um documento elaborado por um grupo de trabalho composto por representantes de diversas áreas da Ordem.

Carla Teixeira
Fonte: Ordem dos Farmacêuticos

Peregrine Pharmaceuticals inicia Fase II do Cotara para o cancro cerebral, na Índia

A Peregrine Pharmaceuticals, Inc. anunciou que foi administrado Cotara ao primeiro paciente de um novo ensaio clínico, a decorrer na Índia, delineado para avaliar a segurança e eficácia desta nova terapia para a necrose tumoral, que está a ser desenvolvida para o tratamento do glioblastoma multiforme (GBM), uma forma mortal de cancro cerebral.

Este estudo de segurança e eficácia, multicentrado e de rótulo aberto de Fase II está delineado para inscrever até 40 pacientes com glioblastoma que experimentaram uma primeira recaída. O objectivo principal do estudo é confirmar a dose máxima tolerada de Cotara nestes pacientes. Os objectivos secundários incluem a estimativa da sobrevivência geral dos pacientes, sobrevivência livre de progressão e a proporção de pacientes vivos ao fim de seis meses. Os pacientes do estudo estão a receber uma infusão única de Cotara por “convection-enhanced delivery” (CED), uma técnica desenvolvida pelos Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos (NIH, na sigla inglesa), que administra o agente no tumor, com grande precisão, atingindo uma concentração até 10.000 vezes maior na exposição local da terapia do que numa administração intravenosa convencional, enquanto minimiza a exposição indesejada aos tecidos saudáveis. Espera-se que este método de administração aumente posteriormente o potencial do Cotara para matar tumores.

O Cotara é um novo tratamento experimental para o cancro cerebral que liga uma substância radioactiva destinada à utilização médica, um isótopo radioactivo, a um anticorpo monoclonal direccionado. Este anticorpo monoclonal está destinado a ligar-se a um tipo de ADN que fica exposto unicamente nas células mortas ou a morrer. Os tumores sólidos, incluindo os tumores cerebrais, têm um número significativo de células mortas e a morrer no seu centro e o mecanismo de direccionamento do Cotara permite-lhe apontar a estas células cancerígenas a morrer, administrando a sua carga radioactiva directamente no centro da massa do tumor. O Cotara destrói assim o tumor de dentro para fora, com uma exposição mínima de radiação para os tecidos saudáveis.

Neste estudo, 25 por cento dos 28 pacientes recorrentes sobreviveram por mais de um ano após o tratamento, e 10 por cento dos pacientes sobreviveram por mais de três anos. Estes dados são considerados como sendo um desenvolvimento promissor nesta doença grave e mortal, que mata metade das suas vítimas em 14 semanas após o dianóstico. A Peregrine acredita que os dados positivos combinados, deste novo estudo na Índia e dos ensaios para o glioblastoma que estão a decorrer nos Estados Unidos, irão fornecer uma base para avançar para os ensaios de Fase III.

Segundo o presidente da Peregrine, Steven W. King, a companhia está satisfeita pelo facto do tratamento de pacientes ter começado nesta importante Fase II do ensaio clínico, que foi delineada para confirmar os indícios encorajadores de actividade anti-tumor observados nos estudos iniciais do Cotara para o cancro cerebral. O presidente da Peregrine acrescentou ainda que, dado o elevado nível de interesse nos locais de participação clínica, a companhia está optimista que a inscrição e a dosagem de pacientes irão decorrer em passo acelerado.

Isabel Marques

Fontes: Pharmalive