quarta-feira, 11 de julho de 2007

Abuso de medicamentos no Inverno prejudica visão

Conjuntivite alérgica predisposta à catarata e glaucoma, alerta oftalmologista

O abuso de medicamentos no Inverno prejudica a visão. Quem o diz é o oftalmologista do instituto brasileiro Penido Burnier, Leôncio Queiroz Neto, que aponta os antibióticos e corticosteróides como os principais "vilões".

“O uso abusivo de antibióticos e corticosteróides pode causar graves problemas à saúde dos olhos porque mascara doenças. Uma conjuntivite alérgica ou viral, pode ficar predisposta à catarata e glaucoma, além de tornar o organismo resistente a outros medicamentos”, alertou Queiroz Neto.

Segundo o oftalmologista brasileiro, no Inverno a descida de humidade do ar duplica a incidência da síndrome do olho seco. “A menor produção da lágrima diminui a defesa dos olhos que ficam mais susceptíveis a contaminações das suas porções externas – córnea e conjuntiva”, explicou, considerando que “equacionado a isso, a cefaleia, febre, tosse, dor de garganta e doenças respiratórias típicas desta época do ano levam ao uso abusivo de antibióticos e corticosteróides, porque a maioria das pessoas não sabe distinguir reacções alérgicas da gripe de uma constipação que não chega a ser uma infecção.”

Principais vilões: antibióticos e corticosteróides

“O erro mais comum cometido por três em cada 10 pacientes é usar colírio antibiótico para tratar conjuntivite viral ou alérgica”, destacou Queiroz Neto, sustentando que “o tratamento de conjuntivite viral que, geralmente, dura 15 dias, chega a necessitar de três a quatro meses de acompanhamento médico, com a agravante de o antibiótico não fazer efeito e tornar a pessoa resistente ao fármaco.”

De acordo com o especialista, nos casos mais graves “o tratamento é feito com lágrimas artificiais, colírios anti-inflamatórios hormonais ou não hormonais”, ressalvando que “não é só o uso tópico de antibióticos que cria barreiras para a acção dos princípios activos de antibióticos.”

De referir que, as alergias oculares também podem aparecer na forma mais branda de conjuntivite sazonal que, em geral, pode ser tratada com compressas geladas, desde que recomendadas por um oftalmologista.

O oftalmologista brasileiro reforçou ainda que a toma prolongada de grandes quantidades de antibiótico, - que, no caso dos olhos, é usado para combater a conjuntivite bacteriana - “pode complicar o tratamento de uma infecção ocular”, concretizando que, por norma, “as conjuntivites virais desaparecem em cinco dias como uma resposta natural do organismo que ganhou imunidade.”

Outra grave consequência do abuso de antibióticos e corticosteróides é alterar a defesa do organismo, apontou Queiroz Neto. Recorde-se que, o FARMACIA.COM.PT publicou, esta semana, uma reportagem sobre a resistência aos antibióticos.

Raquel Pacheco

Fonte: Revista Fator/BBC

GSK disponibiliza Atriance a preço simbólico

As críticas que recaíram sobre a indústria farmacêutica devido aos preços elevados dos medicamentos parecem começar a surtir efeito. A GlaxoSmithKline prepara-se para lançar no mercado da União Europeia (UE), ainda este ano, um fármaco para o tratamento do cancro que não deverá gerar quaisquer lucros, não só pela reduzida camada de doentes aos quais se dirige, mas também pelo preço reduzido que será cobrado.

O Atriance (nelarabina solução para infusão) vai ser disponibilizado aos cerca de 500 pacientes da UE que não responderam à quimioterapia, para tratar a Leucemia Linfoblástica Aguda de células T (LLA-T) e o Linfoma Linfoblástico das células T (LBL-T). Estas formas raras e difíceis de tratar da Leucemia Linfoblástica Aguda (LLA) e do Linfoma Linfoblástico (LBL) afectam com frequência a população infantil.

A farmacêutica britânica espera assim recompor a sua imagem face a algumas críticas de que os laboratórios estariam a colocar os lucros à frente dos cuidados com os pacientes. Em declarações ao Financial Times, Andrew Witty, presidente da divisão europeia da GSK, afirmou que o factor económico não deverá ser colocado, até porque, esta medida nunca foi encarada como uma oportunidade comercial. “Isto insere-se no nosso compromisso para assegurar o equilíbrio correcto entre a empresa e a sociedade”, salientou o responsável

O Atriance, lançado nos Estados Unidos da América como Arranon, foi recentemente aprovado pela Agência Europeia do Medicamento (EMEA), depois de um ensaio clínico ter comprovado a sua eficácia. O fármaco recebeu o estatuto de medicamento órfão na Europa, em Junho de 2005. O tratamento com esta substância, que deve ser aplicada durante um ciclo de 21 um dias, custa cerca de 3.633 euros, um preço muito inferior ao cobrado regularmente pelos medicamentos órfãos.

Segundo adiantou Witty, o laboratório não pretende expandir a utilização do medicamento noutros tratamentos com o objectivo de fazer crescer as vendas. O responsável disse ainda que a GSK, empenhou-se, acima de tudo, em desenvolver fármacos de utilização limitada para satisfazer necessidades médicas que ainda não estão preenchidas, e conseguiu fazê-lo por possuir um portfolio alargado de substâncias em desenvolvimento.

Marta Bilro

Fonte: Market Watch, Financial Times.

Descoberta nova função genética em embriões

Investigação com mosca-da-fruta abre portas à compreensão do sistema nervoso humano

Cientistas espanhóis descobriram uma nova função genética entre as leis que regulam o desenvolvimento embrionário nos seres vivos. O grupo de investigadores acredita que a descoberta pode fornecer chaves para compreender melhor o sistema nervoso dos humanos.


A investigação - publicada no último número da revista «PLoS One» -combinou o trabalho de biólogos, físicos e matemáticos com o objectivo de moldar no computador uma asa da mosca-da-fruta (Drosophila melanogaster), para simular o funcionamento dos sistemas biológicos e entender o funcionamento de mecanismos internos.

Em declarações à Agência EFE, o biólogo Marco Milán, do Instituto de Pesquisa Biomédica, em Barcelona, explicou que “as asas da mosca são formadas a partir de um conjunto de células agrupadas em diferentes segmentos ou compartimentos que nunca se misturam, permitindo a construção simétrica das partes dorsal e ventral a partir de um limite ou de uma fronteira.”

O líder do grupo – em parceria com Javier Buceta, do Centro Especial de Pesquisa em Química Teórica – acrescentou que o processo de subdivisão em compartimentos “também acontece na formação do sistema nervoso central nos vertebrados, e os genes e formas de sinalização envolvidos se conservam tanto na Drosophila como nos vertebrados.”

Segundo Milán, não só os genes envolvidos na formação da ponta da asa da mosca são exactamente os mesmos que criam as bordas entre pontos adjacentes no sistema nervoso central dos vertebrados, mas também, é igual "a forma como eles falam".

Até à data, não havia um estudo sistemático que levasse em conta todos os elementos descritos. Neste sentido, os investigadores acreditam que o trabalho pode fornecer "chaves" para a compreensão de defeitos e "doenças humanas" nas quais o sistema central não foi formado perfeitamente. "Talvez algum dos genes com os quais trabalhamos seja o causador desses problemas", disse Milán.

"Uma vez modelada no computador uma asa de mosca, comprovamos que havia uma propriedade necessária para que o sistema fosse estável e que permitiu comprovar sua robustez", concluiu.


Raquel Pacheco

Fonte: EFE/«PLoS One»

Ventana considera oferta da Roche inadequada

A Ventana Medical Systems recusou a oferta pública de aquisição lançada pela farmacêutica Suíça Roche. A proposta, que tinha sido considerada hostil pela empresa norte americana, atingia os 2,2 mil milhões de euros.

O quadro de accionistas considerou que os 54,5 euros por acção, oferecidos da Roche, eram “inadequados em vários aspectos” e que subestimam o valor da empresa e as suas perspectivas no mercado dos testes de diagnóstico de cancro.

Ainda assim, de acordo com Pascale Boyer, analista da Bordier & Cie, “o negócio deverá ir em frente porque, provavelmente, a Roche deverá aumentar o preço”. O especialista considera que o laboratório suíço não está disposto a arriscar que a Ventana possa ser adquirida por outra empresa, principalmente porque é esta que produz um dos seus testes para avaliar a resposta dos pacientes ao fármaco Herceptin, utilizado no tratamento do cancro da mama.

O valor que a Roche pfereceu por cada acção da empresa norte-americana especializada em histopatologia, representa um prémio de 45 por cento face ao seu valor de fecho na sessão do dia 25 de Junho, altura em que a proposta foi anunciada. Na sequência desta recusa, as acções da Ventada registaram hoje uma quebra de cerca de 40 cêntimos, ou menos de 1 por cento, para os 57,87 euros no Nasdaq. Por sua vez, a Roche desvalorizou cerca de 78 cêntimos por acção, ou menos de 1 por cento, para os 130,9 euros na bolsa de Zurique.

O mercado de testes diagnósticos através de tecidos humanos cresce, actualmente, cerca de 10 por cento a cada ano e a Roche é já uma das maiores empresas de diagnóstico a nível mundial.

Marta Bilro

Fonte: Bloomberg, Forbes, Reuters.

Portugal recusou integrá-la no plano nacional de vacinação
Vacina contra o HPV financiada em França


A vacina contra o Vírus do Papiloma Humano (HPV), agente causador do cancro do útero, vai ser financiada pelas autoridades francesas para as mulheres entre os 14 e os 23 anos. Mais de dois meses depois de o Alto Conselho para a Saúde Pública francês ter recomendado a imunização contra aquela doença, o governo anuncia a medida. Em Abril o governo português recusou incluir aquela vacina no Plano Nacional de Vacinação.

Na tentativa de travar a incidência daquele carcinoma e de prevenir as lesões cervicais cancerosas e os condilomas genitais, o conselho tinha preconizado a vacinação universal das meninas de 14 anos, contra os quatro tipos de vírus, e a possibilidade de inoculação das adolescentes e jovens entre os 15 e os 23 anos, antes de iniciarem a sua vida sexual ou no ano seguinte. Actualmente, o cancro do colo do útero é responsável pela morte de uma mulher a cada dois minutos à escala mundial – em Portugal são anualmente diagnosticados 900 casos e mais de 300 acabam por revelar-se mortais, à cadência de uma mulher por dia – e pela destruição da vida sexual, familiar e social das sobreviventes.
O ginecologista Joseph Monsonégo, do Instituto Alfred Fournier, com sede em Paris, considerou que a decisão de financiar aquela vacina “reflecte o elevado interesse público na prevenção, não só do cancro do colo do útero, mas também de outras doenças genitais”, congratulando-se com a medida. Até ao momento só nove países europeus – Áustria, Alemanha, Itália, França, Noruega, Luxemburgo, Bélgica, Suíça e Reino Unido – recomendaram a vacinação universal de jovens pré-adolescentes.

Carla Teixeira
Fonte: Agência Lusa

Eli Lilly distinguida por criar parceria contra a tuberculose

A farmacêutica Eli Lilly foi condecorada em consequência da criação e implementação de uma parceria global com vista ao tratamento da tuberculose multi-resistente e tuberculose resistente a fármacos. Os Global Business Coalition's Awards homenageiam o contributo dos negócios na luta global contra o HIV/Sida, a tuberculose e a malária.

O laboratório norte-americano disponibilizou, em 2003, um investimento inicial no valor de 50,8 milhões de euros para dar inicio à “MDB-TB Partnership” e financiar uma estratégia para aumentar o fornecimento de medicamentos eficazes para o tratamento da doença. Em Março, a empresa investiu mais 36,3 milhões de euros nesta parceria, que hoje se transformou numa aliança internacional na qual figuram 14 instituições públicas e privadas, organizações humanitárias, instituições académicas e associações profissionais de saúde.

Sidney Taurel, presidente e director executivo da empresa, salientou que a Lilly se sente “honrada por figurar entre as organizações reconhecidas pelo Global Business Coalition” e por partilhar esta distinção “com a aliança internacional de organizações que se juntaram à luta para parar a propagação da doença”. Através dos esforços colectivos, “estamos empenhados em providenciar os recursos globais necessários para melhorar a prevenção e tratamento de pacientes que sofrem desta doença mortal”, acrescentou o responsável.

Recorde-se que, em Junho, a Eli Lilly anunciou a criação de uma parceria, de fundos públicos e privados, que deverá conduzir a uma fase preliminar de pesquisa de novos fármacos urgentes no tratamento da tuberculose, onde se incluem as novas estirpes resistentes. O projecto, que envolve um investimento de cerca de 11 milhões de euros num prazo de cinco anos prevê a criação de uma estrutura de pesquisa não lucrativa sedeada em Seattle, que irá utilizar recursos de algumas das mais importantes organizações e investigadores nacionais de doenças infecciosas e tuberculose.

A tuberculose é uma das maiores pandemias mundiais, uma doença de proporções globais que mata uma pessoa a cada 20 segundos. Mais de mil milhões de pessoas em todo o mundo são portadores de uma das estirpes de tuberculose e milhões morrem todos os anos. A Organização Mundial de Saúde estima que, em média, um paciente com tuberculose resistente a fármacos infecte mais de 20 pessoas durante a sua vida.

Marta Bilro

Fonte: Express Pharma

Genentech associa-se à Tercica para desenvolver novos fármacos

A empresa de biotecnologia Tercica assinou um acordo com a norte-americana Genentech com o objectivo de combinar medicamentos já existentes no mercado, de forma a dar origem a novos produtos mais eficazes no tratamento de distúrbios hormonais.

O Intelex, um recombinante do factor 1 de crescimento do tipo da insulina, produzido pela Tercica, e o Nutropin, da Genentech, um recombinante da hormona de crescimento humana, deverão ser associados para desenvolver tratamentos para as perturbações de crescimento e perturbações metabólicas. A Trecica fica responsável por financiar e conduzir o desenvolvimento dos dois produtos que deverão resultar numa única injecção diária.

A segunda maior empresa de biotecnologia a nível mundial deverá entregar à Tercica cerca de 38,4 milhões de euros em pagamentos de equidade, direitos de opção e custos de reembolso de desenvolvimento e investigação. A Genentech vai ainda despender de 2,9 milhões de euros para se apoderar de 708.591 acções do stock comum da Tercica.

A empresa de biotecnologia australiana está dependente das instruções da Administração Norte-Americana dos Alimentos e Fármacos (Food and Drug Administration - FDA), para poder iniciar, em 2008, os ensaios clínicos de fase II, tal como está planeado. Este primeiro estudo deverá avaliar a combinação dos produtos para o tratamento de pacientes com níveis reduzidos da proteína IGF-1 e baixa estatura não associada a um crescimento hormonal deficitário. Será também realizada uma segunda associação de fármacos para os doentes adultos com uma deficiência na hormona de crescimento.

De acordo com John Scarlett, director-executivo da Tercica, o acordo baseou-se em estudos pré-clínicos que sugeriram que a acção do Increlex e do Nutropin é mais eficaz quando os fármacos são associados do que quando são administrados em separado.

Marta Bilro

Fonte: Business Times, The Street, Reuters.

Antibióticos não previnem infecções do tracto urinário em crianças

A administração de antibióticos a crianças que sofrem de infecções recorrentes do tracto urinário não previne o seu aparecimento e pode aumentar o risco de resistência dos doentes a esses medicamentos. Um estudo publicado do “Journal of the American Medical Association” diz mesmo que a toma de antibióticos profiláticos nestas condições aumenta 7,5 vezes o risco de resistência.

Os especialistas são da opinião que os médicos devem esclarecer os pais acerca dos benefícios, mas também das desvantagens, inerentes à utilização de antibióticos para prevenir a infecção urinária recorrente nas crianças, antes de lhes prescreverem o tratamento. Alguns pediatras mostraram-se satisfeitos com a descoberta porque, dizem, poderá acabar por melhorar a prática actual. “É uma óptima notícia para nós porque muitas crianças tomam antibióticos durante demasiado tempo, podendo tornar-se resistentes, o que tem sido um problema crescente”, afirmou Fabienne Wheeler, pediatra no Centro Hospitalar Northern Westchester, em Mount Kisco, Nova Iorque.

Cerca de 3 a 7 por cento das raparigas abaixo dos 6 anos de idade, e 1 a 2 por cento dos rapazes nessa faixa etária, têm a primeira infecção do tracto urinário (ITU) por volta dos 6 anos, o que representa mais de 180 mil crianças todos os anos. A Academia Americana de Pediatria recomenda que, como parte do tratamento e diagnóstico, seja realizado um estudo imagiológico para avaliar a presença e intensidade de refluxo vesico-ureteral, já que 30 a 40 por cento das crianças com ITU apresentam uma alteração nesse refluxo. Caso se confirme a existência desta condição, por norma, é recomendado o tratamento diário com antibióticos numa tentativa de prevenir futuras ITU.

Esta nova investigação sugere que não existem provas suficientes de que a presença de refluxo vesico-ureteral represente um factor de risco das infecções urinárias recorrentes. Para levar a cabo esta pesquisa, os cientistas observaram 611 crianças, menores de seis anos de idade, que já tinham tido a primeira ITU, e 83 crianças que sofriam de infecções urinárias recorrentes. Os resultados deram a conhecer vários factores associados a um aumento de desenvolver infecções urinárias recorrentes, entre os quais o facto de ser caucasiano, que quase duplica a probabilidade; ter entre 3 e 4 anos de idade, o que triplica o risco; ter entre os 4 e os 5 anos, o que duplica 2,5 vezes o risco; ou ter um nível de refluxo vesico-ureteral entre o 4 e o 5, situação que aumenta quatro vezes a probabilidade.

Por sua vez, a ingestão de uma dose preventiva de antibióticos não foi associada a uma diminuição do risco de infecções urinárias recorrentes. Nesse sentido, Patrick H. Conway, o principal responsável pelo estudo, recomenda que os riscos e benefícios dos antibióticos sejam discutidos com as famílias para que estas “decidam se devem ser administrados antibióticos diariamente ou apenas vigiados os sintomas”. Para além disso, o especialista espera que este estudo possa ser tido em conta pela Academia Americana de Pediatria para que esta reveja as suas recomendações.

Marta Bilro

Fonte: Forbes, Ivanhoe, Associated Content, Associação Portuguesa dos Médicos de Clínica Geral.

Acabaram as cicatrizes na extracção da ‘pedra’ do rim

Nem sempre uma cirurgia é sinónimo de cicatrizes e dor, pelo menos foi isto que os cirurgiões que participaram no XII Simpósio Europeu de Urolitíase demonstraram na passada sexta-feira, com a realização de uma cirurgia de extracção de cálculos renais que recorre a tecnologia de ponta para ser minimamente invasiva.

Em directo do British Hospital, em Lisboa, o urologista português António Soares e o alemão Peter Alken, realizaram em apenas duas horas, uma cirurgia de extracção de ‘pedra’ do rim através da introdução de uma sonda com um laser na ponta, que permite vaporizar o cálculo renal até este se transformar em pequenas areias, que serão expelidas pelo corpo de forma natural. A sonda foi introduzida pela uretra, subindo até um dos rins, evitando quaisquer marcas.

Com transmissão para Cascais, onde os especialistas reunidos no simpósio puderam presenciar o procedimento da técnica, a cirurgia removeu uma ‘pedra’ do rim com cerca de três centímetros, de uma paciente de 49 anos que estava anestesiada. “Até aos cinco milímetros a ‘pedra’ sai com normalidade, mas basta ter mais um milímetro para ser necessária a cirurgia”, refere António Soares.

Na opinião de Paulo Guimarães, médico especialista na área, a principal vantagem desta nova técnica é o facto de não ser “invasiva”, uma vez que as cavidades do próprio corpo humano são usadas para partir e extrair as pedras, permitindo ao paciente uma total recuperação no espaço de 24 horas.

No passado dia 3 de Junho, no artigo Portugal na vanguarda da Urologia, o farmácia.com.pt havia já noticiado acerca dos avanços alcançados na área da Urologia, mostrando a confiança do especialista do British Hospital, Paulo Guimarães, que já então realçava a importância dos progressos tecnológicos que têm dotado a área de forma muito positiva, de tal forma que os doentes portugueses já não sentem a necessidade de procurar novos tratamentos no estrangeiros, uma vez que “por cá temos do melhor que se faz neste momento”.

“Há vinte anos tínhamos que fazer uma cirurgia aberta. Hoje temos a vaporização e os lasers, que permitem as cirurgias de um dia. Em menos de 24 horas o doente pode ir para casa”. Agora, durante o XII Simpósio Europeu de Urolitíase, os especialistas puderam presenciar a execução da técnica e apreciar os resultados.

Paulo Guimarães considera mesmo que as novas técnicas de cirurgia urológica permitem comparar esta área da medicina à industria automóvel, uma vez que já existiam há 20 anos, “mas a evolução da tecnologia permite que hoje sejam muito melhores. O mesmo se passa com os avanços na cirurgia, particularmente o laser”.

Inês de Matos

Fonte: Correio da Manhã

Beriplex P/N demonstra uma reversão da anticoagulação rápida, previsível e segura

Os dados apresentados no XXI Congresso da Sociedade Internacional de Trombose e Hemostase mostram que o Beriplex P/N é 98 por cento eficaz em situações de emergência de hemorragia.

O Beriplex P/N é um concentrado do complexo de protrombina (PCC), que contém um número importante de factores coagulantes e de factores antitrombóticos. O Beriplex P/N pode ser utilizado para deter com urgência a hemorragia em pacientes a tomar anticoagulantes orais, corrigir urgentemente a coagulação antes de uma cirurgia e normalizar a coagulação em pacientes com doença hepática, nos quais os respectivos factores de coagulação essenciais normalmente produzidos pelo fígado estão em falta ou são insuficientes. O Beriplex P/N pode ser armazenado à temperatura ambiente e não precisa de ser aquecido antes da administração. Reconstitui-se rapidamente e tem uma velocidade de infusão de 8 ml/min. O Beriplex P/N foi utilizado em alguns países durante mais de uma década e a sua segurança e eficácia foram avaliadas em três ensaios clínicos prospectivos.

O Beriplex P/N é altamente eficaz e seguro na reversão de emergência de anticoagulação, de acordo com os dados apresentados no XXI Congresso da Sociedade Internacional de Trombose e Hemostase. Os dados demonstraram que o Beriplex P/N aumenta rapidamente e com segurança os níveis do plasma com os factores essenciais de coagulação II, VII, IX e X e inibidores anticoagulantes de proteína C e proteína S, antes de intervenções de emergência ou para tratar a hemorragia aguda.

A reversão da anticoagulação (ACR - sigla inglesa) utiliza-se para corrigir os efeitos dos anticoagulantes orais (como a varfarina) tomados pelos pacientes para prevenir e tratar a doença tromboembólica. Pode ser necessário na preparação de cirurgia electiva ou de emergência, ou durante um episódio de hemorragia aguda. As opções terapêuticas disponíveis actualmente para a ACR são vitamina K, para situações de não emergência, e plasma humano ou PCC, que são adequados para correcções urgentes dos efeitos da anticoagulação.

Segundo a principal investigadora do estudo, a Dra. Ingrid Pabinger-Fasching, da Divisão de Hematologia, do Hospital Universitário de Viena, o número de pacientes que recebe uma terapia de anticoagulação de longo prazo está a aumentar, assim como a necessidade de reverter rapidamente os efeitos destes medicamentos, em determinadas circunstâncias. Apesar de existirem múltiplas opções para a reversão anticoagulante quando o tempo não é um problema, os dados mostram que o Beriplex P/N oferece uma reversão rápida, completa, previsível e seguro do efeito de anticoagulação quando é necessária uma acção urgente.

As descobertas basearam-se num estudo multinacional que foi desenvolvido em 25 centros de oito países. Para este estudo prospectivo, aberto e não controlado, recrutaram-se 43 pacientes com idades compreendidas entre os 22 e os 85 anos (34 pacientes com idades superiores a 65 anos, 79%) que necessitavam de ACR de emergência devido a intervenções urgentes, tais como cirurgia vascular ou abdominal (26 pacientes, 60%) ou hemorragia aguda (17 pacientes, 40%). Quase todos os pacientes apresentavam múltiplos factores de risco para desenvolver um episódio tromboembólico. No que diz respeito às doses e infusões do Beriplex P/N, a velocidade média de administração foi de 188 UI/min (intervalo 50-1000), e o tempo médio de infusão foi de 12 minutos (intervalo 3-50). A maioria dos pacientes recebeu simultaneamente vitamina K por via intravenosa.

A conclusão inicial a ser encontrada foi a de um Rácio Internacional Normalizado (INR) menor ou igual a 1,3, 30 minutos após da infusão. O factor de recuperação foi de >1 para todos os factores de coagulação administrados com Beriplex P/N (Factor II, VII, IX e X e inibidores de trombina de proteína C e proteína S). 98 por cento dos pacientes (42) foram avaliados como tendo tido uma resposta “muito boa” ou “satisfatória” à terapia. A rápida reversão da anticoagulação forneceu um controlo acelerado e efectivo da hemorragia. Para além disso, todas as administrações foram bem toleradas e sem transmissão de vírus (VHA, VHB, VHC, VIH ou Parvo B19).

Num estudo à parte de farmacocinética de fase I apresentado no Congresso, o Dr. Helmut Ostermann e os seus colegas, do Hospital Universitário de Munique, descobriram que o Beriplex administrado a 15 voluntários saudáveis induziu um rápido aumento das concentrações no plasma de factores de coagulação II, VII, IX e X, como também de proteínas anticoagulantes C e S. Os níveis máximos foram atingidos em cinco minutos após a infusão. O Dr. Ostermann afirmou que estas descobertas, juntamente com o facto de o Beriplex ter um tempo de preparação e de administração mais rápidos que outros PCC, indicam que este é uma excelente opção para os pacientes que necessitam de um tempo de resposta rápido.

Isabel Marques

Fontes: PRNewswire

Parlamento Europeu proíbe uso de mercúrio em termómetros

O parlamento europeu decidiu proibir a utilização do mercúrio, um metal muito tóxico, em termómetros, medidores da pressão arterial e outros aparelhos de medição, uma vez que o mercúrio acarreta graves riscos para a saúde pública e para o meio ambiente.

A legislação agora aprovada pelo Parlamento Europeu havia já sido aprovada pelos 27 estados membros da União Europeia (UE) e insere-se na estratégia lançada em Janeiro de 2005 para suprimir de forma progressiva o uso do mercúrio na UE até 2011.

O mercúrio e os seus componentes são altamente tóxicos para os seres humanos, podendo ser mortais em doses elevadas ou afectar o sistema nervoso. Para além de um problema de saúde pública, está também em causa a protecção do meio ambiente, uma vez que este metal contamina a água, a terra e o ar.

De acordo com um estudo europeu, "doses elevadas de mercúrio podem ser fatais para o Homem, mas mesmo doses relativamente baixas podem ter repercussões adversas graves no desenvolvimento neurológico, estando também ligadas a efeitos prejudiciais nos sistemas cardiovascular, imunitário e reprodutivo”.

Segundo a Comissão Europeia, a proibição permitirá reduzir as emissões de mercúrio em cerca de 33 toneladas por ano, sendo que entre 25 e 30 toneladas corresponderão ao fim da utilização de termómetros

Apesar da proibição, os instrumentos de medição especiais, usados por médicos, que ainda não tenham um substituto sem mercúrio continuarão a ser permitidos, no entanto, a grande maioria dispõe já de alternativas seguras, sem a utilização de mercúrio. A excepção abrange ainda as antiguidades, aparelhos com mais de 50 anos, cuja compra e venda continua a ser permitida.

O executivo comunitário garante que a medida não vai provocar um grande impacto económico, pois existem já no mercado diversos instrumentos substitutos com o mesmo preço para a maioria dos equipamentos e a produção de mercúrio no espaço comunitário é "limitada".

A proibição surge na sequência de uma anterior directiva comunitária, transposta para o direito português em 1999, que previa a substituição progressiva dos termómetros de mercúrio utilizados nas unidades de prestação de cuidados de saúde do Serviço Nacional de Saúde (SNS), até Junho de 2000. A Comissão Europeia chegou mesmo a apelar aos dentistas, que substituíssem as amálgamas dentárias, vulgarmente conhecidas por "chumbo", por outros produtos sem mercúrio.

Inês de Matos

Fonte: Lusa