quinta-feira, 16 de abril de 2009

Café e chá associados a um menor risco de cancro do endométrio

Novas descobertas sugerem que as mulheres que bebem algumas chávenas de café e chá por dia podem ter um menor risco de cancro do endométrio.

O cancro do endométrio surge no revestimento do útero, sendo que alguns factores de risco estão estabelecidos, incluindo a idade avançada, obesidade e factores que expõem as mulheres a mais estrogénio, tais como uma menopausa tardia e terapia com estrogénio após a menopausa. Contudo, o possível papel da dieta alimentar tem sido menos claro.

Neste novo estudo, publicado na “International Journal of Cancer”, os investigadores descobriram que, entre as aproximadamente 1100 mulheres que analisaram, as que consumiam café e chá pareciam ter um menor risco de cancro uterino do que as que não consumiam estas bebidas.

As mulheres que bebiam mais de quatro chávenas de café e chá por dia tinham apenas metade da probabilidade de ter cancro do endométrio, em comparação com as que não bebiam. Igualmente, as mulheres que apenas bebiam chá, mais de duas chávenas por dia, tinham um risco 44 por cento menor de desenvolver a doença.

De acordo com a Reuters Health, as mulheres que consumiam apenas café demonstraram também um menor risco, mas as evidências não foram tão fortes. Aquelas que bebiam mais de duas chávenas por dia tinham uma probabilidade 29 por cento menor de ter cancro do endométrio, mas esta descoberta não foi significativa em termos estatísticos.

Ainda não é claro exactamente por que o chá e o café podem proteger contra o cancro do endométrio. A Dra. Susan E. McCann, do Instituto do Cancro Roswell Park, em Buffalo, Nova Iorque, referiu que a cafeína é uma possibilidade.

Quando os investigadores analisaram apenas o consumo de café descafeinado, descobriram que não havia qualquer associação entre a bebida e o risco de cancro do endométrio.

Adicionalmente, a investigação no laboratório demonstrou que a cafeína estimula determinadas enzimas que ajudam a neutralizar as substâncias no organismo potencialmente causadoras de cancro.

Contudo, outros compostos presentes no chá e no café podem também ter influência, uma vez que ambas as bebidas contêm vários compostos antioxidantes, como flavonóides, catequinas e isoflavonas, que ajudam a proteger as células de danos que podem eventualmente levar ao cancro.

Todavia, estas descobertas demonstram apenas uma associação entre estas duas bebidas e um menor risco de cancro do endométrio, mas a questão de que se o café e o chá são responsáveis pelo benefício necessita de mais investigação.

Isabel Marques

Fontes:
www.reutershealth.com/archive/2009/04/16/eline/links/20090416elin002.html

Antiepiléptico valproato durante a gravidez pode prejudicar função cognitiva do bebé

A utilização do fármaco anti-convulsivante valproato, ou ácido valpróico, durante a gravidez parece ter um impacto negativo e permanente no cérebro do bebé.

O Dr. Kimford J. Meador, da Universidade de Emory, em Atlanta, e colegas alertam que o valproato não deve ser utilizado com um fármaco antiepiléptico de primeira linha nas mulheres grávidas ou nas mulheres com potencial para engravidar, uma vez que os dados indicam que metade de todas as gravidezes não são planeadas.

De acordo com a Reuters Health, os investigadores estudaram 258 crianças cujas mães estiveram grávidas entre 1999 e 2004, enquanto tomavam lamotrigina, fenitoína, carbamazepina, ou valproato para a epilepsia.

A equipa do Dr. Meador descobriu que a utilização de valproato durante a gravidez estava associada a uma função cognitiva reduzida nas crianças com três anos.

Os investigadores publicaram na “The New England Journal of Medicine” que o Quociente de Inteligência (QI) médio das crianças expostas ao valproato era de 92, significativamente mais baixo do que QI médio de 101 das crianças expostas à lamotrigina, de 99 para aquelas expostas à fenitoína e de 98 das expostas à carbamazepina.

Contudo, os investigadores alertam que as mulheres não devem parar de tomar o valproato repentinamente se ficarem grávidas.

Num editorial publicado com o estudo, o Dr. Torbjorn Tomson, do Instituto Karolinska, em Estocolmo, referiu que, enquanto a maioria dos defeitos congénitos graves podem ser detectados através de testes pré-natais, sendo que muitos podem ser tratados cirurgicamente com sucesso após o nascimento, as incapacidades cognitivas não podem ser testadas nem reparadas.

O Dr. Tomson relatou ainda que as mulheres com epilepsia devem ser aconselhadas sobre a importância de planearem as suas gravidezes, sendo que a discussão destas descobertas deve ser incluída no aconselhamento.

De acordo com o investigador, esperar até que a mulher esteja grávida para mudar entre fármacos antiepilépticos é provavelmente demasiado tarde para proteger o feto, porque mudar com segurança de fármacos antiepilépticos normalmente requer um período de meses, com a utilização de múltiplos medicamentos durante o período de transição.

Reduzir a dosagem de valproato para menos de 800 miligramas por dia pode ser uma opção, mas apenas depois de uma avaliação cuidadosa por parte do médico, dado que os riscos de convulsões não controladas devem ser ponderados em relação aos riscos da utilização do valproato.

Isabel Marques

Fontes:
www.reutershealth.com/archive/2009/04/16/eline/links/20090416elin022.html

Bezafibrato pode ajudar a prevenir ou retardar a diabetes tipo 2

Resultados de um estudo, publicados na “Diabetes Care”, revelaram que o fármaco bezafibrato, utilizado para tratar o colesterol elevado, parece também prevenir ou retardar o desenvolvimento da diabetes tipo 2.

O bezafibrato, que pertence ao grupo dos fibratos, é utilizado particularmente para baixar os triglicerídeos e aumentar as lipoproteínas de elevada densidade, o bom colesterol, e é comercializado como Bezalip, em Portugal.

O Dr. James H. Flory, da Faculdade de Medicina da Universidade da Pensilvânia, em Filadélfia, referiu à Reuters Health que, se estudos adicionais confirmarem estas descobertas, o bezafibrato poderá tornar-se um fármaco antidiabético oral que também reduz o risco cardiovascular associado ao colesterol elevado.

Os investigadores colocaram a hipótese de que o bezafibrato seria o único entre os fibratos a reduzir o risco de diabetes. O estudo incluiu 12.161 pacientes que tomavam bezafibrato e 4 191 que tomavam outros fibratos.

O Dr. Flory e colegas calcularam que a incidência de diabetes tipo 2 entre os utilizadores de bezafibrato era de 8,5 casos por 1000 paciente-anos, em comparação com os 14,4 casos por 1000 paciente-anos entre os utilizadores de outros fibratos.

Análises posteriores indicaram que as taxas de diabetes tipo 2 foram 34 por cento mais baixas entre os utilizadores de bezafibrato, em comparação com os utilizadores de outros fibratos.

Além disso, os investigadores referiram que o risco de desenvolver diabetes diminuiu progressivamente à medida que a duração da terapia com bezafibrato aumentou.

Entre os pacientes com diabetes pré-existente, a utilização de bezafibrato foi associada a um risco significativamente mais baixo de progressão para a necessidade de medicação antidiabética e houve uma tendência para a diminuição do risco de progressão para a necessidade de terapia com insulina, em comparação com os utilizadores de outros fibratos.

O Dr. Flory referiu que é necessário, pelo menos, mais um estudo antes do bezafibrato poder ser recomendado para prevenir ou tratar a diabetes.

Isabel Marques

Fontes:
www.reutershealth.com/archive/2009/04/13/eline/links/20090413elin023.html