sexta-feira, 15 de junho de 2007

Femara eficaz no tratamento do cancro do ovário

Um estudo da Universidade de Edimburgo indica que o Femara, um fármaco comum no tratamento do cancro da mama pode também ser utilizado eficazmente para combater o cancro do ovário.

Os investigadores acreditam que o tratamento hormonal aplicado nos pacientes com cancro da mama poderá retrair significativamente o risco de reincidência do tumor do ovário. Os testes comprovaram que a utilização de um anti-estrogéneo num grupo de 44 pacientes prolongou a vida de algumas das mulheres até três anos e, noutros casos, atrasou a utilização dos tratamentos com quimioterapia.

Para além de evitar que as pacientes sejam sujeitas à quimioterapia, o tratamento, que envolve a toma de um comprimido diário, não causa náuseas, fadiga, perda de cabelo ou infertilidade temporária. A comprovar-se esta descoberta depois da repetição de testes em maior escala, esta será a primeira terapia inovadora para o cancro desde os anos 80.

“Um marco importante”, é desta forma que John Smith, o professor responsável pelo programa, descreve a descoberta que permitirá desenvolver a pesquisa e tratamento do cancro do ovário.

Apesar das intensas investigações levadas a cabo nos últimos 20 anos, têm havido poucas pistas que permitam perceber o funcionamento da doença, refere o especialista, salientando que “o novo estudo sugere que a inclusão de terapia hormonal na nossa estratégia de tratamento poderá prolongar e melhorar a vida das mulheres com cancro”.

Os cientistas esperam agora que com a evolução da investigação, possam ser desenvolvidos tratamentos para mulheres na fase inicial da doença de forma a prolongar-lhe ainda mais a esperança de vida.

A aplicação de Letrozol (comercializado em Portugal com o nome Femara), reconhecida pela utilização no tratamento do carcinoma da mama, ataca o cancro ao impedir o fornecimento de estrogéneo, substância essencial no crescimento de alguns tumores.

Observando os níveis de uma molécula existente no sangue segregada pelo cancro do ovário, os investigadores conseguiram seguir o progresso dos tumores durante o tratamento.

O estudo, publicado no “Clinical Cancer Research”, refere que depois de seis meses de tratamento com o anti-estrogéneo, o tumor não se desenvolveu em um quarto das mulheres. Da mesma forma, um terço das participantes com mais sensibilidade ao estrogéneo mostrou uma resposta positiva permitindo atrasar o tratamento com quimioterapia.

Conforme explicou John Smith, se forem utilizados medicamentos hormonais numa fase anterior, a hipótese de reincidência pode ser atrasada, possivelmente durante um longo período de tempo. Uma vez que na maioria das mulheres se regista uma recaída dentro de dois anos, este é um passo "muito significativo”, sublinhou.

Segundo o portal Saúde na Internet, o cancro dos ovários é responsável por 4 por cento dos cancros nos países industrializados, sendo a quarta mais frequente doença maligna visceral. A idade média de diagnóstico é aos 55 anos. A incidência aumentou ligeiramente durante os últimos 30 anos e a taxa de sobrevivência mantêm-se imutável.

Apesar de ser o terceiro cancro mais frequente do aparelho reprodutor feminino, morrem mais mulheres de cancro do ovário do que de qualquer outro que afecte o aparelho reprodutor, referem dados do portal Manual Merck.

Marta Bilro

Fonte: BBC, Guardian Unlimited, Teleghaph, Manual Merck, Saúde na Internet.