domingo, 28 de outubro de 2007

Pio Abreu, psiquiatra dos Hospitais Universitários de Coimbra
“Medicamentos bons estão a desaparecer”


Se é verdade que a Psiquiatria ainda vive muito na dependência do medicamento, segundo o psiquiatra dos Hospitais Universitários de Coimbra o “grande drama” daquela especialidade médica é mesmo o preconceito contra os fármacos mais antigos, eficazes mas mais baratos. Pio Abreu defende que “se os medicamentos forem baratos ninguém os vende, o Estado não assegura que continuem a existir, e o Infarmed muito menos”.

“É paradoxal e é uma tolice”, asseverou o clínico, numa entrevista publicada nesta semana pelo «Diário de Coimbra», em que disserta sobre muitas e diversas realidades ligadas à doença mental e às políticas de saúde no nosso país. Na opinião de Pio Abreu, essa dependência da Psiquiatria face ao medicamento “não tem de ser, necessariamente, um obstáculo, se os médicos souberem utilizar bem os medicamentos”. O problema – atesta – reside no facto de que “os medicamentos bons, os que já são antigos e muito baratos, estão a desaparecer”. No entanto, e apesar de serem alternativas “extremamente caras”, aponta a existência das psicoterapias e das reabilitações, que “implicam muitos recursos humanos”. Contudo, explica, “existem agora novas psicoterapias breves, coisas ligadas à hipnose ou aos movimentos oculares, por exemplo, eficazes e com menor custo”.

Carla Teixeira
Fonte: «Diário de Coimbra»

Sem comentários: