segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Cegueira diabética: fenofibrato diminui necessidade de tratamento a laser

Retinopatia diabética afecta cerca de 25 milhões de pessoas em todo o mundo
Os doentes com diabetes tipo 2 sujeitos a uma terapia com fenofibrato (um antidislipidémico) requerem, menos vezes, do tratamento a laser para retinopatia diabética, comparativamente, com os doentes que não recebem fenofibrato. Esta foi a conclusão que saiu do primeiro estudo que examinou o efeito protector de um agente para baixar os lipídios nas cegueiras causadas pela diabetes.

A cegueira causada pela diabetes (chamada de retinopatia diabética) é a maior causa da perda de visão em adultos - afectando cerca de 25 milhões de pessoas mundialmente. Actualmente, o único tratamento usado para combater esta doença é a terapia a laser. Contudo, sabe-se que, frequentemente, esta técnica reduz a visão periférica, bem como, causa outros efeitos colaterais e, nem tampouco, restaura a visão.

Entretanto, um estudo agora divulgado pela revista online «The Lancet» pode trazer uma nova luz aos casos de retinopatia diabética. Cientistas da Austrália, Nova Zelândia e Finlândia investigaram os efeitos de um agente para baixar os lipídios amplamente disponível - o fenofibrato - no uso do tratamento a laser em mais de 9000 homens e mulheres com a diabetes.

De salientar que, o Fenofibrate Intervention and Event Lowering in Diabetes (FIELD) Trial (Teste de Intervenção e Evento de Redução do Fenofibrato na Diabetes) é o maior estudo de agente para baixar os lipídios já realizado, até hoje, em adultos com diabetes que foram acompanhados ao longo de cinco anos. Foi também efectuado um sub-estudo dos seus efeitos na progressão da retinopatia diabética em mais de 1000 doentes.

Segundo avança a «The Lancet», os resultados do FIELD permitiram aos investigadores constatarem que “o fenofibrato reduziu em 31% a frequência do primeiro tratamento a laser para edemas maculares, e em 30% na proliferativa retinopatia diabética.” No sub-estudo – informa ainda a revista – “a redução do risco de ter o primeiro tratamento a laser foi 70% naqueles que recebem fenofibrato, no entanto, o número total de eventos foi pequeno - 23 cirurgias no grupo placebo, em comparação com cinco no fenofibrato grupo.”

Tony Keech, investigador e professor da Universidade de Sydney, (Austrália), esclareceu que o fenofibrato, agente modificador, “não conduziu a variações clinicamente significativas concentrações de HDL - colesterol entre os grupos placebo e fenofibrato.”

Assim, a equipa de cientistas do FIELD concluiu que “os benefícios substanciais do fenofibrato sobre a necessidade de tratamento a laser para retinopatia diabética são susceptíveis de ser equacionados aos benefícios resultantes de um controlo apertado da glucose no sangue e da pressão sanguínea na gestão de tipo 2 pacientes com diabetes mellitus”, garantindo que os resultados “emergem rapidamente após o tratamento é iniciado.”

A doença ocular diabética ocorre quando a diabetes afecta os vasos sanguíneos na parte de trás do olho danificando a retina e restringindo o fluxo do sangue. Este processo destrutivo ocorre em cerca de 74 por cento das pessoas que sofrem de diabetes por 10 anos ou mais.


Raquel Pacheco

Fontes: The Lancet/PRNewswire/ Medical News Today

2 comentários:

ptcp disse...

Bom artigo. Hoje foi um dia com uma elevada taxa de artigos relacionados com a Diabetes o que merece o nosso elogio pois focaram várias áreas da Diabetes permitindo um conhecimento bastante alargado desta patologia e do que se produz em função da mesma.

Mostra também o sentido de oportunidade que todos desenvolveram nesta área da informação de saúde uma vez que estamos na semana em que se comemora o Dia Mundial da Diabetes e, nitidamente, isso não vos passou ao lado.

Relativamente ao seu artigo deixo apenas uma pequena correcção: fenofibrato não é um lipídico mas um antidislipidémico.

Bons artigos. Bom trabalho!

RP disse...

Dr. Pedro Capão,

agradeço o comentário e a correcção!!