domingo, 2 de setembro de 2007

Anti-hipertensor reduz em 14% mortes de diabéticos

O controlo da pressão arterial pode evitar a morte de um em cada 79 doentes diabéticos num espaço de cinco anos. O segredo está na utilização de um medicamento para o tratamento da hipertensão arterial que contém na sua composição perindopril/indapamida em associação com a habitual terapêutica para a diabetes, revela um estudo apresentado este domingo (2 de Setembro) durante o Congresso da Sociedade Europeia de Cardiologia, em Viena.

De acordo com o estudo ADVANCE (Action in Diabetes and Vascular Disease), desenvolvido pelo Instituto George para a Saúde Internacional (Sidney), a utilização sistemática de um medicamento para a hipertensão arterial, constituído pelas substâncias activas perindopril/indapamida, diminui o risco de morte e evita problemas renais e cardíacos a diabéticos tipo 2.

A investigação, apresentada como a maior de sempre envolvendo diabéticos de tipo 2, analisou mais de 11 mil indivíduos em 20 países, incluindo doentes hipertensos e com pressão arterial normal, estando a totalidade já medicada para a sua situação clínica. Nestas condições, a administração de perindopril e indapamida, e independentemente do valor da pressão arterial, demonstrou a redução em 14 por cento da mortalidade global e em 18 por cento da mortalidade devido a problemas cardiovasculares, como enfarte agudo do miocárdio ou acidente vascular cerebral.

Para além disso, foi observada uma redução em 12 por cento do risco de problemas coronários e em 21 por cento a possibilidade de desenvolvimento de doenças renais. “Este tratamento reduz para quase um quinto a probabilidade de morrer de complicações da diabetes, sem efeitos secundários”, salientou Stephen MacMahon, um dos coordenadores do estudo. John Chalmers, outro dos investigadores, acredita que “se os benefícios demonstrados forem aplicados a apenas metade da população mundial de diabéticos, pode evitar-se mais de um milhão de mortes a cinco anos”.

Existem, em todo o mundo, perto de 246 milhões de diabéticos, a maioria dos quais poderá morrer ou ficar incapacitada devido a complicações da doença, sendo a causa de morte mais comum a doença cardiovascular (50 a 80%). A diabetes tipo 2 é a forma mais comum da doença, representando entre 90 a 95 por cento dos casos.

Calcula-se que, em Portugal, a diabetes afecte entre 900 mil e um milhão de pessoas, incluindo os casos não diagnosticados. Os dados do último Inquérito Nacional de Saúde apontam para uma incidência da doença em Portugal de 6,5 por cento, entre 2005 e 2006, sendo que em 1998/9 a diabetes afectava apenas 4,7 por cento da população. A subida do número de casos está estreitamente relacionada com o crescimento da obesidade e do sedentarismo, uma vez que 90 por cento dos doentes que desenvolvem a doença apresentam um peso 120 por cento superior ao considerado normal.

Num pessoa não diabética, a pressão arterial deve situar-se abaixo dos valores 140/90. Já no caso dos doentes diabéticos os valores não devem ultrapassar os 130/80.

Marta Bilro

Fonte: Lusa, Diário Digital, Portugal Diário.

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