domingo, 2 de setembro de 2007

PlayStation contra a obesidade infantil

Uma equipa de investigadores portugueses do Centro de Exercício e Saúde, da Universidade Lusófona, decidida a motivar os adolescentes a praticar mais exercício físico, levou a cabo um estudo acerca da evolução dos vídeo-jogos e da sua consequente interferência com a actividade física dos adolescentes. Antigamente vistos como inimigos do exercício físico, a verdade é que estes jogos de vídeo sofreram uma grande evolução e permitem agora uma maior interactividade do jogador.

O estudo, intitulado “Impacto dos vídeo-jogos com a tecnologia Matching Motion na actividade física de adolescentes obesos”, consiste na utilização do “Eye-Toy”, um dispositivo da Playstation com tecnologia “Matching Motion”, que possibilita uma maior movimentação. Na investigação participaram 15 adolescentes que frequentavam a consulta de Obesidade Adolescente, do Serviço de Pediatria do Hospital de Santa Maria e que como tal, necessitavam aumentar a sua actividade física.

“O número de participantes era reduzido porque só os adolescentes que fossem recomendados pelo Hospital Santa Maria é que podiam participar no estudo. Assim, podíamos ter a certeza que esta era a população mais necessitada”, explica António Palmeira, coordenador do Centro de Exercício e Saúde, e responsável pelo estudo.

Os adolescentes, cujas idades oscilavam entre os 13 e os 14 anos, mostravam resistência à prática de exercício. “A forma como estes jovens gostavam mais de passar o seu tempo era em frente ao computador, a jogar, ou a ver televisão”, adianta o investigador. A ideia era pôr os jovens a mexer por vontade própria e o “Eye-Toy” parecia a solução mais adequada.

Cada participante tinha à sua disposição uma playstation a tempo integral, para que pudessem jogar sempre que quisessem. O resultado não deixou dúvidas, a diminuição do sedentarismo foi-se registando ao longo das semanas, culminando numa perca calórica de 30 por cento, comparativamente ao que era registado antes dos participantes começarem a ter acesso ao jogo.

“O objectivo inicial era que estes jovens começassem a praticar mais actividade física, e esse foi cumprido”, declara António Palmeira, ainda que com o passar do tempo os jovens tenham começado a manifestar um menor interesse pelo equipamento. No entanto, o estudo foi manifestamente positivo, uma vez que “a perda de peso nesta idade é difícil de verificar porque é nesta altura da adolescência que se dão as maiores transformações no corpo”, conclui o especialista.

A equipa pretende dar continuação ao estudo, de forma a analisar qual a perda de massa gorda destes jovens e a conhecer até que ponto estes jogos aumentam o interesse dos adolescentes pela prática de exercício físico. Os efeitos deste jogos na personalidade dos jovens é outra problemática que interessa à equipa e que mais tarde deverá ser também abordada.

Inês de Matos

Fonte: Portugal Dário

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