segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Fármaco experimental eleva bom colesterol, sem aumentar pressão sanguínea

O fármaco para o colesterol ainda em desenvolvimento, anacetrapib (MK-0859), da Merck, apresentou resultados positivos ao elevar consideravelmente os níveis de bom colesterol, tendo demonstrado ser seguro e efectivo, não aumentando a pressão sanguínea.

Os dados da Fase IIb do estudo do anacetrapib, inibidor da proteína transportadora de ésteres de colesterol (CETP), demonstraram que o fármaco experimental aumentou os níveis de lipoproteínas de alta densidade, ou HDL-colesterol, o chamado "bom colesterol", em pacientes com dislipidemia, em cerca de 139 por cento, e não aumentou a pressão sanguínea, em comparação com placebo. Os dados foram apresentados na reunião da "Drugs Affecting Lipid Metabolism", em Nova Iorque.

No estudo, 589 pacientes com dislipidemia receberam aleatoriamente placebo ou uma de quatro doses de anacetrapib sozinho ou em combinação com o Lipitor, da Pfizer. Após oito semanas, os pacientes que receberam anacetrapib em monoterapia registaram um aumento de HDL-colesterol entre 44 e 139 por cento, em comparação com o aumento de 4 por cento apresentado pelo grupo de controlo. Os resultados demonstraram ainda que os pacientes que receberam anacetrapib em monoterapia experimentaram uma diminuição do LDL-colesterol, ou mau colesterol, entre 16 a 40 por cento, em comparação com os 2 por cento do grupo que receberam placebo.

Níveis mais elevados de bom colesterol reduzem até 40 por cento o risco de ataques cardíacos e morte devido a doença coronária, segundo um estudo publicado no mês passado na “New England Journal of Medicine”.

Este fármaco pertence à mesma classe do Torcetrapib, fármaco da Pfizer, que esteve ligado a um aumento da pressão sanguínea, tendo sido considerado, há um ano, responsável por um aumento das taxas de mortalidade. O Torcetrapib, que deixou de ser desenvolvido em Dezembro de 2006, prometia ser o medicamento mais vendido na história, e substituto do blockbuster Lipitor/Zarator, o fármaco da família das estatinas.

Analistas afirmaram que um fármaco que eleva os níveis de HDL pode tornar-se o medicamento com melhores vendas no mundo, com mais de 15 mil milhões de dólares de lucros. Qualquer companhia, que prove que o seu fármaco para aumentar o bom colesterol é seguro e efectivo na redução do risco de ataques cardíacos, tem o potencial para dominar o mercado do colesterol dos Estados Unidos no valor de 21 mil milhões de dólares por ano. A maioria dos pacientes que toma fármacos para reduzir o colesterol iria provavelmente aderir a um medicamento que eleva o bom colesterol, caso este esteja disponível.

O Lipitor/Zarator da Pfizer é actualmente o líder no mercado do colesterol com vendas na ordem dos 12,9 mil milhões de dólares. Contudo, o Lipitor irá enfrentar a concorrência dos genéricos a partir de 2010, quando expirar a patente, mas já tem vindo a perder vendas para os genéricos de fármacos concorrentes para o colesterol.

Isabel Marques

Fontes: First Word, Bloomberg, www.networkmedica.com

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