sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Estudo em ratos pode levar a novos fármacos para dor crónica

Um estudo suíço descobriu que aumentar um mecanismo natural de filtrar a dor na espinha ajudou a aliviar a dor crónica em ratos, sem os efeitos secundários indesejados dos actuais analgésicos, como efeitos sedativos, viciantes ou possibilidade de desenvolver tolerância.

O composto provém da classe de fármacos, benzodiazepinas, que são amplamente utilizadas para sedar ou no tratamento da ansiedade. Os investigadores, liderados por Hanns Ulrich Zeilhofer da Universidade de Zurique, fizeram a descoberta enquanto estudavam por que motivo as benzodiazepinas actuam em caminhos do cérebro envolvidos com a percepção da dor, mas sendo raramente efectivas no alívio da dor.

Primeiro testaram diazepam, normalmente conhecido como Valium, ao injectarem-no na medula espinal dos ratos. Os investigadores descobriram que o diazepam poderia realmente aliviar a dor, na medida em que os ratos que, ou suportaram uma injecção dolorosa, ou tiveram um nervo apertado para simular dor crónica, estavam menos incomodados se tivessem recebido a injecção espinal.

A equipa de Zeilhofer centrou-se numa molécula específica, chamada GABA, que ajuda a prevenir que os sinais de dor crónica cheguem ao cérebro, sem bloquear as mensagens de dor normais que alertam as pessoas para o perigo.

As benzodiazepinas impulsionam a acção desta molécula GABA no sistema nervoso central. Estes fármacos, indicados para outros problemas, quando injectados perto da medula espinal também aliviam a dor.

Mas as benzodiazepinas direccionam-se a, pelo menos, quarto receptores de GABA diferentes que medeiam o controlo da dor. Ao atingirem somente dois dos receptores de GABA, poderão ser capazes de fabricar um fármaco que possa ser utilizado para a dor crónica, sem perder potência ou deixar as pessoas sonolentas.

Zeilhofer disse que o estudo demonstrou que atingir receptores GABA específicos pode fornecer um promissor novo alvo para o desenvolvimento de fármacos. De acordo com os investigadores, o próximo passo é descobrir fármacos que actuem da mesma forma em humanos, mas sem utilizar injecções espinais, que requerem um cateter, sendo desapropriadas para a maior parte dos pacientes.

Ainda não se sabe se o composto terá os mesmos efeitos em humanos, mas os investigadores estão a progredir com um optimismo cauteloso, segundo a revista cientifica “Nature”.

Isabel Marques

Fontes: Reuters, http://news.xinhuanet.com

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