domingo, 22 de julho de 2007

Centros de Saúde vão realizar IVG

Alguns centros de saúde vão poder realizar interrupções voluntárias da gravidez (IVG) induzidas por fármacos, medida que deverá ser posta em prática a partir de “Outubro ou Novembro”, segundo revelou ao jornal Expresso o coordenador do Programa Nacional de Saúde Reprodutiva, Jorge Branco. Por sua vez, o director-geral de Saúde, Francisco George, prefere não avançar com qualquer prazo.

Francisco George não põe de parte a possibilidade de haver uma evolução nesse sentido, algo que deverá ocorrer “num futuro próximo, por etapas e em função da capacidade instalada em cada centro de saúde”, referiu, acrescentando que para tal não será necessária uma alteração do quadro legal. De acordo com Jorge Branco não faz sentido que os médicos de família não possam realizar abortos, até porque “muitos centros de saúde já fazem consulta prévia e também ecografias, desde que haja acordos com ecografistas. Por enquanto só não têm os fármacos”, que permitem proceder à interrupção da gravidez, afirma.

Para além disso, tal como salienta o especialista e também director do serviço de Obstetrícia e Ginecologia do Hospital de Santa Maria, “a vocação de um hospital central não é realizar IVG”, mas “resolver patologias e complicações”. Conforme salientou Rui Nogueira, da direcção da Associação Portuguesa dos Médicos de Clínica Geral, “o gesto técnico que consiste na interrupção medicamentosa não tem nada de extraordinário”.

Actualmente, a mifepristona, administrada entre as cinco e as sete semanas de gestação, e o metotrexato, administrado em mulheres grávidas entre as cinco e as nove semanas, em combinação com a prostaglandina, só podem ser utilizados em meio hospitalar.

Desde que entrou em vigor a lei que despenaliza a realização da IVG, no dia 15 de Julho, a Clínica dos Arcos recebeu grávidas encaminhadas por três hospitais da região de Lisboa, e outros dez estão a negociar protocolos com o estabelecimento, afirmou a directora, Yolanda Hernandez, em declarações ao semanário Expresso. Para o primeiro dia de interrupções foram agendados 30 abortos. Segundo afirmou Amílcar Pereira, administrador da Clínica Oiã, em Aveiro, outro dos estabelecimentos privados autorizados a realizar a IVG, não foram recebidas mulheres encaminhadas por hospitais públicos e a clínica não foi contactada por nenhum para proceder a acordos. No que toca às grávidas que se dirigiram directamente à clínica contabilizam-se sete IVG’s marcadas para o primeiro dia.

Marta Bilro

Fonte: Expresso

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