domingo, 22 de julho de 2007

Métodos de diagnóstico da doença de Alzheimer estão ultrapassados

Num artigo publicado na revista ‘The Lancet Neurology’, os neurologistas Bruno Dubois e Philip Scheltens defendem que os métodos e critérios usados para detectar a doença de Alzheimer estão obsoletos e deviam ser renovados, sugerindo o cruzamento de novos métodos de avaliação para que a doença possa ser detectada três e quatro anos mais cedo, ainda antes de chegar a fases mais avançadas.

Os autores do artigo propõem uma combinação de testes de memória com dados de imagens do cérebro e marcadores biológicos, aproveitando a evolução das “explicações sobre as bases biológicas do Alzheimer”, que têm permitido uma “compreensão sem precedentes da evolução da doença”.

De facto, o desenvolvimento da medicina permitiu uma grande evolução ao nível da detecção e desenvolvimento de novos fármacos, tornando assim obsoletos os critérios de diagnóstico da doença, determinados em 1984. Contudo os neurologistas concordam que os sintomas clínicos devem manter-se como a base do diagnóstico, uma vez que estes são o primeiro sinal de alarme.

As falhas de memória, acompanhadas de mudanças graduais que ocorrem durante mais de seis meses, são geralmente o sintoma mais evidente, no entanto falhas em testes específicos de memória e uma menor fluidez verbal, podem indicar também o diagnostico da doença de Alzheimer.

Para além dos sintomas clínicos, os neurologistas defendem também que para traçar um diagnóstico positivo, é necessário avaliar os marcadores biológicos da doença, que podem encontrar-se no líquido encefaloraquidiano. A ressonância magnética mostra a atrofia numa zona cerebral, mas não contribui para a compreensão do desenvolvimento da doença, o que só os níveis anómalos de proteínas associadas à demência no fluido cérebro-espinal ou as mudanças moleculares em certos exames com imagens neurológicas ou até certas mutações genéticas, possibilitam.

“Nos próximos anos, talvez meses, vamos ter medicamentos que podem abrandar o processo da doença”, acredita Bruno Dubois, dai que seja fundamental identificar o mais cedo possível os sintomas da doença, para “curar o mais depressa possível os doentes”. Apesar das convicções de Dubois e Scheltens, ambos reconhecem que o uso destes novos critérios requer ainda confirmação e levanta problemas técnicos.

A doença de Alzheimer é uma forma de demência causada pela morte de células cerebrais, característica das doenças neurológicas. A ingestão de frutas e os legumes frescos, poderá ser uma forma de retardar a evolução da doença, tal como sugere um estudo da Universidade de Harvard, segundo o qual estes alimentos, ricos em antioxidantes, retardam a neurodegenerescência.

Em Portugal existem 70 mil doentes de Alzheimer e em todo o mundo registam-se mais de 24 milhões de pessoas vitimas desta doença, número que em 2020 pode ascender aos 42 milhões, conforme a previsão de alguns estudos. A doença é altamente incapacitante e dispendiosa, com custos de tratamento que podem chegar aos 2000 euros mensais, nas fases mais avançadas.

Inês de Matos

Fonte: Correio da Manhã

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