domingo, 15 de julho de 2007

Substâncias ototóxicas responsáveis por graves lesões
Automedicação pode causar surdez


A utilização indiscriminada de medicamentos e o recurso à automedicação, tão vulgarizados nas modernas sociedades, podem afinal encerrar riscos graves para a saúde dos doentes. O alerta parte de uma comissão de especialistas da Sociedade Brasileira de Otorrinolaringologia e dá conta da presença de substâncias ototóxicas em cerca de 60 fármacos, entre analgésicos, antibióticos e diuréticos, capazes de provocar tonturas, zumbidos e, nos casos mais graves, surdez total e permanente.

De acordo com Andréa Pires de Mello, perita do Comité de Doenças Ocupacionais daquela entidade, a administração prolongada de determinados medicamentos, em altas doses e sem prescrição e acompanhamento médicos, poderá provocar graves lesões, na maior parte das vezes irreversíveis, à cóclea e ao vestíbulo, as partes do ouvido humano que asseguram, respectivamente, a audição e o equilíbrio. A maior recomendação dos especialistas vai no sentido de evitar uma das práticas que está mais disseminada nas sociedades actuais: a automedicação.
Em grande parte dos países civilizados, os cidadãos tendem a tomar determinados medicamentos sem aconselhamento do seu médico ou de um farmacêutico, o que faz com que muitas vezes tomem comprimidos de embalagens antigas que tinham em casa, ou sigam os conselhos de familiares ou amigos que, numa dada altura, terão sofrido da mesma sintomatologia. Andréa Pires de Mello salienta que “o uso de antibióticos, por exemplo, deve ser restrito às infecções mais graves”. Apesar de a otoxicidade obedecer normalmente a uma predisposição genética, e de muitas vezes também não ser possível alterar a medicação de um doente na sequência do conjunto de sintomas que apresenta, a médica aconselha os cidadãos a evitar o recurso à automedicação.
O ácido acetilsalicílico, provavelmente o analgésico mais difundido a nível mundial, é um dos fármacos ototóxicos. O seu uso difundido e indiscriminado pode, por isso, suscitar o surgimento de surdez, embora neste caso o risco de perda auditiva seja quase sempre reversível e os efeitos colaterais se extingam nas 72 horas seguintes à sua toma. O mesmo não acontece, porém, com os antibióticos aminoglicosídeos, usados na prevenção e tratamento de infecções pós-operatórias, que podem trazer danos irreversíveis.

Carla Teixeira
Fonte: Terra.es

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