domingo, 15 de julho de 2007

Utilização simultânea do diafragma e preservativo não beneficia prevenção do HIV

Uma equipa de investigadores concluiu que a utilização do diafragma não provoca uma diminuição do risco da mulher poder contrair HIV, comparativamente aos casos em que apenas é utilizado o preservativo por parte do seu parceiro. Esta é mais uma desilusão numa longa lista de testes de prevenção do vírus que não têm sido bem sucedidos.

Um ensaio clínico aleatório, realizado em três locais de África, revelou que a taxa de infecção por HIV era a mesma quer a mulher usasse o diafragma e um gel ao mesmo tempo que o seu parceiro utilizava preservativo, ou quando a prevenção era feita só com o preservativo, refere o estudo orientado por Nancy Padian, da Universidade da Califórnia, em São Francisco.

Este ensaio, que procura métodos para melhorar a saúde reprodutiva em África, surge como uma tentativa de encontrar formas de prevenir a transmissão do HIV que, para além do preservativo, possam ser controladas pelas mulheres. Os investigadores acreditavam que os diafragmas poderiam ser uma mais-valia, uma vez que podem ser inseridos discretamente e também porque há alguns indícios de que eles impedem que o HIV atinja os tecidos especialmente vulneráveis do cervix.

O estudo analisou 4.928 mulheres HIV-negativas e sexualmente activas, às quais foi fornecido aconselhamento, antes e depois do ensaio clínico, acerca do HIV e das doenças sexualmente transmissíveis, sobre os testes de HIV, o tratamento das DST e aconselhamento intensivo sobre redução de riscos. Foi ensinado a todas as voluntárias o método de utilização do diafragma e do gel e distribuídos preservativos por ambos os grupos. Porém, 21 meses depois, da taxa de incidência de HIV era de 4,1 por cento no grupo de mulheres que tinham utilizado o diafragma, comparativamente aos 3,9 por cento do grupo que apenas utilizava preservativos.

Os cientistas salientam que o insucesso dos testes não deve desencorajar outras análises que permitam descobrir novos métodos de prevenção. “Os métodos femininos de controlo do HVI são urgentemente necessários”, destacam os especialistas, porque os únicos actualmente conhecidos e eficazes, a utilização do preservativo e a circuncisão, estão sob o controlo masculino. A investigação foi publicada na edição online do “The Lancet”.

Marta Bilro

Fonte: Med Page Today

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