domingo, 15 de julho de 2007

Tinta ajuda cirurgiões a identificar células cancerígenas

Uma tinta de tumores desenvolvida por investigadores do Instituto de Pesquisa do Hospital de Crianças de Seattle e do Centro de Investigação de Cancro Fred Hutchinson promete ser uma ferramenta crucial para ajudar os cientistas a identificar, com precisão, o local onde começa e acaba cada tumor, iluminando as células cancerígenas.

A tinta, criada a partir da clorotoxina, uma propriedade presente no veneno de escorpião, pode melhorar o tratamento de muitos cancros, afirmam os especialistas. De acordo com o estudo publicado pelo “Cancer Research”, a tinta ajuda os cirurgiões a distinguirem as células cancerígenas e os tecidos saudáveis do cérebro, mesmo quando o número de células afectadas não ultrapassa as escassas centenas.

A clorotoxina Cy5.5 é um sinal molecular fluorescente que emite fótons num espectro de infra-vermelhos. Este método permitirá assegurar que os tecidos saudáveis não são danificados ou que algumas células cancerígenas não são deixadas no organismo durante a cirurgia, o que propicia a reincidência dos tumores. Esta descoberta é especialmente relevante no caso do cérebro, onde há 80 por cento de reincidência de tumores malignos.

No entanto, os especialistas advertem que são necessárias mais pesquisas para perceber porque é que a molécula apenas adere especificamente às células tumorais e para assegurar que não apresenta toxicidade para os seres humanos. A injecção da tinta em ratos permitiu aos investigadores identificar tumores no cérebro com apenas 1 milímetro de diâmetro sem que os tecidos cerebrais normais circundantes fossem iluminados pela substância. Este método é muito útil porque, actualmente, os cirurgiões têm que se concentrar na cor, na textura e no fornecimento de sangue para avaliar quais as células cancerígenas, e essas características podem ser muito subtis.

“Ao permitir que os cirurgiões identifiquem cancro que seria indetectável através de outros meios, podemos oferecer aos doentes melhores resultados”, salientou James Olsen, um dos autores da investigação. A maior ambição dos cientistas é tornar possível a utilização desta tinta num prazo de 18 meses. A tecnologia actualmente utilizada, como é o caso da ressonância magnética, permite distinguir os tumores dos tecidos saudáveis apenas na presença de mais de um milhão de células cancerígenas. Por sua vez, a Cy5.5 consegue identificar tumores com pouco menos de duas mil células cancerígenas, tornando-se 500 vezes mais eficaz que a ressonância magnética.

Marta Bilro

Fonte: BBC News, Channel4, PR Newswire.

1 comentário:

Rui Borges disse...

Fotões e não fótons.

Infravermelhos e não infra-vermelhos.