sexta-feira, 24 de agosto de 2007

Medicamentos e embalagens: O peso da aparência na escolha dos consumidores

As embalagens dos medicamentos e a forma como são apresentados os comprimidos e xaropes tem cada vez mais importância na promoção da marca junto dos consumidores. Embora existam casos em que a funcionalidade superou a aparência, a estética é visivelmente uma peça importante no jogo de marketing das empresas.

Os produtores têm vindo a aperceber-se que podem apostar na construção da credibilidade dos fármacos, bem como na relação entre o utente e o produto se estes poderem vê-lo. “Os pacientes adoram ver o produto que estão a consumir. Por isso, as cápsulas transparentes com partes coloridas no interior não são apenas atractivas mas também transmitem mais confiança”, refere Gauri Chaudhari, consultora de marcas da empresa indiana FCB-Ulka Healthcare. Conforme explica a responsável em declarações ao Express Pharma, “um xarope num frasco transparente é preferível a um num frasco âmbar”, o mesmo acontece com as carteiras blister transparentes que agradam mais os consumidores do que as de alumínio. De acordo com Chaudhari, as empresas farmacêuticas estão a responder a esta necessidade, abstendo-se de “esconder os medicamentos por trás de carteiras opacas”.

Em termos de posicionamento do produto há muita coisa que pode ser feita, visto que a embalagem é a imagem de marca da farmacêutica. “Há uma marca que está a ser comercializada numa categoria particular e algumas anfitriãs que se limitam a imitar o formato de embalagem e provavelmente a cor da carteira blister da marca líder”, afirma Avinash Mandale, vice-presidente do departamento de soluções inovadoras da Bilcare Resear. Porém, acrescenta, “não se pode considerá-los produtos contrafeitos ou copiados porque são produtos genuínos produzidos por empresas reputadas com licença própria de produção”.

A intenção destas empresas é competir com a marca líder que já existe há alguns anos, o que, por vezes, acaba por afectar significativamente as vendas da marca principal. Nesse sentido, é urgente que as embalagens dos produtos se tornem muito originais para que não possam ser copiadas por ninguém.

Para além disso, é preciso ter em conta os diferentes grupos de pacientes, de acordo com a idade, o estilo de vida e a sua condição física, que implicam diferentes soluções de embalagens. O caso dos pacientes com artrite é um bom exemplo. Nos Estados Unidos da América o Tylenol (Paracetamol) é comercializado com uma embalagem especial destinada aos doentes com artrite. Este tipo de iniciativas torna a utilização dos medicamentos mais fácil e funcional mas também afecta a vida emocional dos doentes, considera Chaudhari.

A caneta de insulina NovoPen, produzida pela Novo Nordisk, é outro dos casos que deve ser mencionado. Os diabéticos que dependem de uma terapia de insulina podem ter necessidade de transportar a medicação para todo o lado, algo que se torna mais fácil com a Novopen que lhes permite levar consigo a dosagem necessária através de algo que aparenta ser uma simples caneta.

Para combater as cópias há também quem tenha apostado nos hologramas. Ainda assim, essa parece não ser uma solução muito eficaz. Por um lado, não é fácil para um paciente distinguir uma embalagem de um medicamento específico através de um holograma e, por outro, não se pode publicitar um fármaco sujeito a receita médica e dizer aos doentes para estarem atentos ao holograma na altura de o comprarem.

Assim, é preciso puxar pela imaginação e oferecer novas soluções. O design parece estar incluído neste rol de inovações, bem como os materiais utilizados na produção das embalagens. “Os desafios tendem a tornar-se cada vez mais significativos em termos de pressão competitiva”, salienta Mandale. “A competição é muito elevada, por isso, vai haver uma luta constante para diferenciar um produto particular de forma a assegurar a continuação da utilização da terapia”, conclui o mesmo responsável.

Marta Bilro

Fonte: Express Pharma.

1 comentário:

Rui Borges disse...

Para além de ser uma continuação ao, já de si excelente, artigo da Carla, traz uma nova visão até agora pouco ou nada discutida sobre a forma como é feito o marketing na indústria farmacêutica.

Parabéns pelo artigo.