quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Cientistas descodificam genoma de estirpe de tuberculose resistente

Uma equipa constituída por cientistas norte-americanos e sul-africanos conseguiu descodificar o mapa genético de uma estirpe de tuberculose resistente à maioria dos medicamentos. O trabalho dos investigadores poderá ajudar a desenvolver novos e melhores tratamentos para combater a doença.

De acordo com os cientistas, a Mycobacterium tuberculosis, estirpe da doença cujo mapa foi desvendado, está relacionada ao surto de tuberculose que recentemente vitimou mais de 50 pessoas na província sul-africana de KwaZulu, em Natal. “A estirpe decifrada é responsável pela maioria dos mais de 300 casos de XDR identificados até agora” nessa região da África do Sul, afirmou Willem Sturm, decano da Escola de Medicina Nelson Mandela e um dos principais participantes na investigação.

O relatório que dá conta dos resultados da investigação refere que, segundo a análise inicial, existem escassas diferenças no ADN entre a bactéria resistente aos medicamentos (XDR) e as que são mais sensíveis. “A caracterização genética desta estirpe é essencial para o desenvolvimento dos instrumentos necessários no controlo desta epidemia”, salienta Sturm no relatório do Instituto Broad do Instituto Tecnológico de Massachusetts (MIT), que divulgou a descoberta.

A tuberculose é uma das doenças infecciosas mais mortais, sendo responsável pela morte de dois milhões de pessoas por ano, 98 por cento das quais em países em desenvolvimento. A crescente capacidade do microrganismo para iludir os tratamentos dificulta o controlo da doença. Para além disso, os métodos deficientes de diagnóstico dificultam a possibilidade de determinar se uma pessoa está infectada com a estirpe resistente aos medicamentos, o que atrasa a terapia adequada.

A gravidade da doença exige, por isso, a procura de novos métodos de diagnóstico e tratamentos, sublinhou Megan Murray, membro do Instituto Broad e professora da Escola de Saúde Pública da Universidade de Harvard. “Ao analisar os genomas de estirpes diferentes, podemos entender a forma como micróbio ilude os medicamentos actuais e como podemos desenhar novas terapias”, acrescentou.

A importância da descoberta na luta contra a doença justifica o facto de os cientistas terem decidido divulgar os resultados do seu trabalho antes da publicação em revista especializada. “É importante que os dados do genoma sejam postos de imediato à disposição dos cientistas, especialmente naquelas regiões mais afectadas pela doença”, afirmou Eric Lander, director do Instituto Broad.

Marta Bilro

Fonte: Diário Digital, Lusa, Reuters Africa, Portal da Saúde.

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