sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Investigação desenvolvida na Universidade de Coimbra
Um café por dia pode prevenir Alzheimer


Adágios como “somos o que comemos” ou “one apple a day keeps the doctor away” (uma maçã por dia mantém o médico à distância) são antigos e têm por base ideias relacionadas com as propriedades de alguns alimentos que contribuem para o bem-estar de quem os consome. Uma equipa de cientistas do Centro de Neurociências da Universidade de Coimbra concluiu agora que também uma chávena de café por dia poderá ser útil na prevenção da doença de Alzheimer…

Tendo por base um estudo que estabeleceu a comparação entre o estado de saúde de pessoas que consomem diariamente café ao longo da vida e outras que não têm aquele hábito, a investigação desenvolvida pelos cientistas da cidade do Mondego aferiu que a ingestão diária de um café pode ter vantagens na prevenção daquela doença degenerativa, sendo objectivo deste estudo “identificar alvos terapêuticos” e “testar diversos compostos químicos”, para avaliar da sua eventual capacidade para serem neuroprotectores. Avultando entre as demais doenças do foro degenerativo, o Alzheimer afecta actualmente cerca de 20 milhões de pessoas em todo o mundo, e em Portugal existirão, à luz dos mais recentes dados disponíveis, 70 mil doentes. Nesta linha de pensamento, a equipa de investigadores de Coimbra considera que “estes estudos são importantes”, porque “mostram que os próprios hábitos podem influenciar a doença de Alzheimer, como acontece com as cardiovasculares”, como disse Cláudia Pereira, especialista interveniente neste estudo.
Salientando que a finalidade destes estudos é, invariavelmente, encontrar caminhos para o desenvolvimento de novos fármacos, Cláudia Pereira acredita que “poderá existir uma estratégia terapêutica para problemas associados à memória. A cafeína poderá ser um princípio activo no tratamento de doenças neurodegenerativas”. No Museu da Ciência de Coimbra, onde teve lugar a conferência «Quando a memória nos atraiçoa», a investigadora deu conta da sua convicção de que “uma dose diária de café retarda, de certo modo, o surgimento da doença”, frisando que têm vindo a ser feitos testes laboratoriais com ratos. Porque a perda de neurónios ocorre muito antes das primeiras manifestações da doença de Alzheimer, que normalmente têm lugar por volta dos 65 anos (conduzindo à morte dos pacientes num prazo de oito anos), Cláudia Pereira atesta a importância de perceber, tão rapidamente quanto for possível, os mecanismos da perda da memória associados à patologia.

Carla Teixeira
Fonte: Agência Lusa, Fábrica de Conteúdos, Universidade de Coimbra

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