segunda-feira, 30 de julho de 2007

Médicos em protesto contra custos de medicamento

Os médicos britânicos ameaçam administrar, aos pacientes com degenerescência macular relacionada com a idade (DMI), um medicamento que não possui autorização de comercialização com essa indicação, como forma de protesto contra o custo do fármaco licenciado e indicado para o efeito que consideram abusivo.

O preço elevado do Lucentis (ranibizumab), medicamento indicado para o tratamento da DMI, está a fazer com que alguns fundos de cuidados primários permitam aos médicos do Serviço Nacional de Saúde Britânico (NHS) utilizar pequenas doses de Avastin (Bevacizumab). Este fármaco, destinado ao tratamento de doentes com carcinoma metastizado do cólon, é frequentemente utilizado no tratamento de doenças oculares tanto nos Estados Unidos da América como no Reino Unido.

A anterior secretária da Saúde, Patricia Hewitt, fez pressão para que fossem realizados ensaios clínicos que avaliassem a actuação do Avastin no tratamento da DMI, porém os seus apelos foram ignorados. Agora o NHS está a financiar um ensaio clínico que compara directamente o Avastin e o Lucentis, ambos produzidos pela Genentech.

Este é o primeiro desafio real que o Reino Unido coloca ao elevado preço dos medicamentos estabelecido pelas empresas farmacêuticas. O crescente desconforto relativamente aos valores elevados que são cobrados pelos novos fármacos tem conduzido à eliminação ou racionamento de algumas substâncias por parte do NHS. Os laboratórios alegam que precisam de muitos milhões de dólares em vendas para recuperar os gastos com a investigação e desenvolvimento, no entanto os críticos acusam-nos de especulação.

A DMI é uma das principais causas de incapacidade nos idosos e a maior responsável pela perda de visão nos adultos. Relaciona-se com frequência ao envelhecimento e resulta de um crescimento anormal dos vasos sanguíneos sob a retina, especificamente sob o tecido coróide. À medida que progride, deixa apenas a visão periférica que mostra uma realidade desfocada. O Lucentis pode ajudar a prevenir a cegueira e a melhorar a visão mas o custo do tratamento faz com que seja apenas utilizado nos casos mais graves.

Marta Bilro

Fonte: Guardian Unlimited, Thelegraph.co.uk

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