sexta-feira, 10 de agosto de 2007

Gastroenterite provoca desidratação potencialmente fatal
Pediatras portugueses recomendam vacina


A gastroenterite pediátrica é uma doença infecciosa sem tratamento que apenas pode ser prevenida pela vacinação. Por isso, depois de, como o farmacia.com.pt oportunamente noticiou, a Sociedade Europeia de Doenças Infecciosas Pediátricas e a Sociedade Europeia de Gastroenterologia se terem congratulado com a notícia do desenvolvimento de duas novas vacinas contra a infecção por rotavírus, anualmente responsável pela morte de meio milhão de crianças até aos cinco anos (sobretudo bebés dos três aos 24 meses), a Sociedade Portuguesa de Pediatria prepara-se para recomendar a inoculação.

De acordo com Fernanda Rodrigues, membro do departamento de Infecciologia Pediátrica da Sociedade Portuguesa de Pediatria, há dados regionais relativos aos tipos de rotavírus em circulação no nosso país que mostram que as vacinas existentes são eficazes. “São muito importantes e estão já programados estudos epidemiológicos a nível nacional com vista a avaliar a situação e a monitorizar a eficácia da vacina”, informou a especialista, em declarações à Agência Lusa. No seguimento da introdução da imunização no programa de vacinação universal na Áustria, e da reacção positiva da generalidade dos países europeus à medida, a SPP pretende emitir brevemente a sua recomendação.
No nosso país não há um levantamento global sobre a incidência desta patologia, estimada no entanto em cerca de 40 por cento, número aferido em determinadas regiões e que não é significativamente discrepante do apurado em alguns países da Europa, segundo declarou à Lusa Filipa Prata, pediatra do Hospital de Santa Maria, em Lisboa. A vacina contra a gastroenterite pediátrica por rotavírus deverá ser administrada até às 26 semanas de vida, mas o pico de prevalência daquela doença ocorre entre os três e os 24 meses. Em Portugal estão disponíveis duas vacinas, cujo preço oscila entre 160 e os 170 euros, consoante sejam aplicadas duas ou três doses.
A gravidade da gastroenterite infantil varia entre os casos perfeitamente assintomáticos e os casos graves, acompanhados de enormes perdas de líquidos por desidratação, que podem ser fatais. Os sintomas são normalmente bastante intensos, incluindo diarreia aquosa, vómitos, febres altas e dor abdominal, num quadro muito similar ao de qualquer gastroenterite comum, não sendo raros os casos com mais de 20 episódios de vómitos e diarreias em apenas 24 horas, num quadro clínico que se prolonga por três a nove dias. Não existe um tratamento específico para esta patologia, que se propaga com grande facilidade, através do contacto directo com o agente infeccioso ou uma pessoa infectada (transmissão fecal/oral), por intermédio de secreções respiratórias ou do contacto com objectos contaminados, como água e comida ou, no caso das crianças, brinquedos. A vacinação é, segundo os especialistas, a única medida de controlo com impacto significativo na incidência da patologia.

Carla Teixeira
Fonte: Agência Lusa, «XL Semanal»

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