sexta-feira, 10 de agosto de 2007

Investigadores estudam opções contra a gripe das aves
Antecipar as possíveis mutações do vírus


Investigadores do norte-americano Instituto Nacional de Alergias e Doenças Infecciosas (NIAID) e da Escola de Medicina da Universidade de Emory, em Atlanta, consideraram que é possível antecipar as eventuais mutações do agente causador da gripe das aves, e vacinar as pessoas antes do advento de uma pandemia. Deitando por terra todas as convicções de que seria inviável apostar no desenvolvimento de uma imunização devido ao facto de não se saber que variante do vírus se adaptaria aos humanos, os cientistas anunciaram que, mais do que ficção científica, o que pretendem pode ser exequível.

Num artigo publicado na edição de hoje da revista «Science» a equipa de investigadores liderada por Gary Nabel, do NIAID, afirma que a vacina poderá conferir imunidade contra a mudança do vírus H5N1, estirpe que actualmente atinge exclusivamente as aves, mas que poderá facilmente adaptar-se ao homem. Num comunicado à imprensa o director do National Institute of Health (NIH) explicou que “o que Nabel e a sua equipa descobriram vai ajudar no combata a uma futura ameaça”. Segundo Elias Zerhouni, “embora não se saiba se e quando o H5N1 passará das aves para os humanos, foi encontrada um meio para antecipar a forma como esse salto pode ocorrer e os mecanismos de responsta a essa situação”.
Por sua vez, o director do NIAID, estrutura integrada no NIH, confessou o seu optimismo por “agora podermos começar, preventivamente, a pensar no desenvolvimento de novas vacinas e anticorpos terapêuticos para tratar pessoas que poderão vir a ser infectadas pelos vírus mutantes emergentes”. Anthony S. Fauci afirma-se absolutamente convicto de que a descoberta agora relatada na «Science» “poderá ajudar a conter uma eventual pandemia nos seus primeiros sinais”. Apesar de até ao momento a gripe das aves só ter infectado pessoas que tinham mantido contacto directo com animais doentes, o receio de uma mutação do vírus que o torne transmissível entre seres humanos, potenciando o cenário de uma pandemia que poderá motivar milhões de mortes, tem preocupado os cientistas, que em todo o mundo se têm desdobrado em investigações sobre a doença e o seu agente causador.
Nesta pesquisa foram estudadas várias tipologias do H5N1, comparando-as depois com o pior vírus da gripe conhecido, o H1N1, que entre 1918 e 1919 terá causado a morte de 50 a 100 milhões de pessoas, num episódio que ficou registado na história como a gripe espanhola. Desde que foi descoberta, em 2003, a gripe das aves terá contaminado pelo menos 319 pessoas, das quais 192 morreram, segundo dados disponibilizados pela Organização Mundial de Saúde, que tem mantido vigiada a evolução da doença em várias partes do mundo.

Carla Teixeira
Fonte: NIH, Reuters

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