segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Afinal tomar a pílula não aumenta o risco de cancro da mama

Afinal os métodos anticoncepcionais orais não parecem estar directamente relacionados com o cancro da mama, pois a taxa de sobrevivência à doença não varia conforme as mulheres tomem ou não a pílula. A conclusão foi divulgada na passada sexta-feira pelo jornal Obstetrics and Gynecology e contraria estudos anteriores que apontavam a pílula anticoncepcional como um dos principais factores de risco do cancro da mama.

Segundo Herbert R. Peterson, um dos responsáveis pelo estudo, os resultados apurados são “muito tranquilizantes”, pois permitiram também concluir que “não parece existir nenhum motivo de preocupação sobre o facto de as mulheres tomarem a pílula em idades jovens, pelo menos relativamente ao problema do cancro da mama”.

A crença de que o cancro da mama está relacionado com a utilização de métodos anticoncepcionais orais surgiu em 1996, depois de uma análise a 54 estudos ter detectado que as mulheres que tomam a pílula têm um risco acrescido de desenvolver a doença.

Contudo, o estudo agora levado a cabo por uma equipa de investigadores da Universidade da Carolina do Norte, em Chapel Hill, EUA, sugere que o facto de as mulheres tomarem a pílula as aproxima dos cuidados de saúde, o que pode conduzir a um diagnóstico precoce, contribuindo para a diminuição da taxa de mortalidade da doença, pois evitaria que o tumor chegasse a um estado avançado.

Actualmente, a taxa de mortalidade por cancro da mama, em mulheres entre os 20 e os 54 anos, que tomam a pílula, é de 4,292 mulheres.

No entanto, os investigadores não encontraram um aumento da mortalidade nem associado ao uso da pílula, nem à duração da sua utilização, ou tão pouco a alguma formulação especifica deste método anticoncepcional. Aliás, as mulheres que utilizem correntemente este método podem ter um decréscimo de 10 por cento na probabilidade de virem a sofrer da doença, ainda que os investigadores não tenham percebido exactamente como se dá esta relação.

De facto, um outro estudo realizado em 2002 também não encontrou maiores riscos de cancro da mama, em mulheres que tomem a pílula, relembra Peterson.

“Existem dúzias e dúzias de estudos que abordam a relação entre a pílula e o cancro da mama, mas quando analisamos as suas conclusões de forma comparativa percebemos que o resultado é muito tranquilizante, pelo menos no que respeita à mortalidade da doença”, constata o investigador.

No entanto, os investigadores não conseguiram ainda apurar qual o real efeito da pílula durante a menopausa, isto apesar de um estudo recente ter indicado que as mulheres que recorram a terapias de compensação hormonal, nesta altura, têm um risco acrescido de virem a desenvolver a doença.

Pelo sim pelo não, Peterson acredita que “para as mulheres até aos 40 anos, que não sejam fumadoras, os métodos de contracepção oral continuam a ser a solução, para muitas uma boa solução”, mas para ter a certeza serão ainda necessários mais estudos que venham comprovar esta conclusão e que esclareçam a segurança da pílula em mulheres mais velhas.

Inês de Matos

Fonte: Reuters

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