segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Farmácia portuense quer facilitar acesso à imunização
Vacina contra o VPH a preço de custo


No mesmo dia em que começou a ser comercializada em Portugal a segunda vacina contra o Vírus do Papiloma Humano (VPH), agente responsável pelo cancro do colo do útero, uma farmácia portuense decidiu vender a imunização mais antiga a preço de custo. A ideia é democratizar o acesso a um medicamento que, pelo elevado preço, se torna indisponível para muitas famílias. O crédito também é uma opção…

A entrada no mercado farmacêutico português da segunda vacina contra o Vírus do Papiloma Humano levou a direcção da Farmácia de Santa Catarina, na cidade do Porto, a optar por vender as duas imunizações ao mesmo preço, sendo que a vacina que já existia no mercado confere imunidade relativamente a quatro tipos de vírus (6, 11, 16 e 18), enquanto a nova apenas protege das estirpes 16 e 18. O preço do novo tratamento ronda os 433 euros, divididos entre três doses de 144,41 euros cada, mas a farmácia portuense vai vendê-la a 399 euros, o preço que paga por ela, e que equivale a um custo de 130 euros por cada uma das três doses.
Na prática as duas vacinas passam a custar exactamente o mesmo, o que, para os responsáveis por esta iniciativa traduz um esforço no sentido da democratização do acesso ao medicamento por parte da população mais carenciada, tendo em conta que o cancro do útero é actualmente uma das doenças mais mortíferas para as mulheres lusitanas, e considerando ainda que nas famílias em que haja mais do que uma menina em idade de ser vacinada a situação assumirá contornos de grande problemática, visto que a despesa aumenta de modo considerável.
Numa iniciativa que demonstra o elevado espírito de solidariedade da direcção da Farmácia Santa Catarina para com os seus clientes, que na grande maioria recusavam comprar a vacina por não terem disponibilidade financeira para a pagar, o estabelecimento abdicou totalmente da sua faixa de lucro, possibilitando ainda a aquisição da imunização a crédito. Nas palavras do director técnico da Farmácia Santa Catarina, Carlos Almeida, além de esta ideia materializar “um serviço de utilidade pública”, contribuirá previsivelmente para atrair um maior número de clientes ao estabelecimento, fidelizando-os na aquisição daquele e de outros medicamentos, agora e no futuro. Nos últimos dias o responsável admitiu já ter percebido um aumento do número de pessoas que cruzaram a porta da farmácia em busca da vacina ou de outro tipo de produtos.
Porque “a prevenção do cancro do colo do útero não pode ser um privilégio dos ricos”, e tendo em conta que, mesmo custando 390 euros a imunização continua a ter um preço demasiado elevado para a generalidade das carteiras portuguesas, o farmacêutico do Porto entendeu permitir ainda a celebração de contratos de crédito, que são firmados ao balcão do estabelecimento, com vista a que ninguém seja obrigado a deixar de se vacinar por não dispor de meios financeiros para tal.

Carla Teixeira
Fonte: JornalismoPortoNet