quarta-feira, 11 de julho de 2007

GSK disponibiliza Atriance a preço simbólico

As críticas que recaíram sobre a indústria farmacêutica devido aos preços elevados dos medicamentos parecem começar a surtir efeito. A GlaxoSmithKline prepara-se para lançar no mercado da União Europeia (UE), ainda este ano, um fármaco para o tratamento do cancro que não deverá gerar quaisquer lucros, não só pela reduzida camada de doentes aos quais se dirige, mas também pelo preço reduzido que será cobrado.

O Atriance (nelarabina solução para infusão) vai ser disponibilizado aos cerca de 500 pacientes da UE que não responderam à quimioterapia, para tratar a Leucemia Linfoblástica Aguda de células T (LLA-T) e o Linfoma Linfoblástico das células T (LBL-T). Estas formas raras e difíceis de tratar da Leucemia Linfoblástica Aguda (LLA) e do Linfoma Linfoblástico (LBL) afectam com frequência a população infantil.

A farmacêutica britânica espera assim recompor a sua imagem face a algumas críticas de que os laboratórios estariam a colocar os lucros à frente dos cuidados com os pacientes. Em declarações ao Financial Times, Andrew Witty, presidente da divisão europeia da GSK, afirmou que o factor económico não deverá ser colocado, até porque, esta medida nunca foi encarada como uma oportunidade comercial. “Isto insere-se no nosso compromisso para assegurar o equilíbrio correcto entre a empresa e a sociedade”, salientou o responsável

O Atriance, lançado nos Estados Unidos da América como Arranon, foi recentemente aprovado pela Agência Europeia do Medicamento (EMEA), depois de um ensaio clínico ter comprovado a sua eficácia. O fármaco recebeu o estatuto de medicamento órfão na Europa, em Junho de 2005. O tratamento com esta substância, que deve ser aplicada durante um ciclo de 21 um dias, custa cerca de 3.633 euros, um preço muito inferior ao cobrado regularmente pelos medicamentos órfãos.

Segundo adiantou Witty, o laboratório não pretende expandir a utilização do medicamento noutros tratamentos com o objectivo de fazer crescer as vendas. O responsável disse ainda que a GSK, empenhou-se, acima de tudo, em desenvolver fármacos de utilização limitada para satisfazer necessidades médicas que ainda não estão preenchidas, e conseguiu fazê-lo por possuir um portfolio alargado de substâncias em desenvolvimento.

Marta Bilro

Fonte: Market Watch, Financial Times.

1 comentário:

Rui Borges disse...

Muito boa notícia. Gosto especialmente do facto de sair da rotina habitual de ataque à indústria. É preciso mostar também o que se faz de positivo.