sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Descoberta molécula que bloqueia multiplicação do HIV

Um grupo de investigadores do Instituto de Genética Molecular de Montpellier, França, desenvolveu um protótipo de medicamento capaz de bloquear a multiplicação do vírus da sida, revela um artigo publicado na revista norte-americana Plos Pathogens.

A molécula química, desenvolvida em testes laboratoriais, ataca os mecanismos celulares que usam o VIH (vírus da imunodeficiência humana) para se multiplicar, enquanto os actuais fármacos tentam atingir os próprios mecanismos do vírus.

“Em vez de atacar os componentes que o vírus transporta consigo, nós pretendemos atingir aqueles que são usados na célula”, afirmou Jamal Tazi, investigador do Instituto Genético e Molecular, citado pela agência France Press.

De acordo com os responsáveis pelo estudo, a descoberta pode abrir portas a “uma nova estratégia para desenvolver uma classe inovadora de medicamentos ani-HIV” que permitam evitar que o vírus, ao longo de mutações e adaptações sucessivas, encontre uma forma de resistir à acção do medicamento.

Os vírus assemelham-se a"envelopes" de proteínas carregados de material genético e que necessitam de entrar em células vivas para se reproduzirem. Ao infectar uma célula imunitária, o VIH introduz o seu próprio material genético no ADN e desvia o mecanismo celular em seu proveito para produzir novamente o vírus. Numa das primeiras fases, é necessária a produção de ARN (ácido ribonucleico), espécie de intermediário do ADN, que serve para fabricar proteínas virais.

A molécula química (ICD16) descoberta pelos cientistas do Instituto de Genética Molecular e da Universidade de Montpellier tem capacidade para impedir a maturação dos ARN do vírus. A partir de um «ARN pré-mensageiro», a maquinaria celular produz uma espécie de trabalho de reconstrução: as enzimas retiram as partes consideradas intrusas e voltam a colar os pedaços restantes para constituir o ARN mensageiro. Este processo é bloqueado graças a uma molécula química testada, que é eficaz tanto nos vírus criados em laboratório como nos vírus isolados em pacientes.

No entanto, são ainda necessários testes laboratoriais exaustivos levados a cabo em animais e ensaios clínicos com seres humanos para que se possa garantir a segurança e eficácia da molécula descoberta, um processo que deverá demorar ainda alguns anos.

Marta Bilro

Fonte: AFP, Diário Digital, Lusa.

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