sexta-feira, 16 de novembro de 2007

Desfibriladores em locais públicos multiplicam sobrevivência a falhas cardíacas

A colocação de desfibriladores automáticos externos em locais públicos multiplica as possibilidades de sobreviver a uma falha cardíaca, revela um estudo norte-americano da Universidade Johns Hopkins, em Baltimore.

A investigação, apresentada durante o Congresso da Associação Americana do Coração, analisou as circunstâncias em que ocorreram 10 mil paragens cardio-respiratórias socorridas pelos serviços de urgência, entre Dezembro de 2005 e Novembro de 2006. Deste total, apenas 7 por cento conseguiram sobreviver, porém, entre os que beneficiaram da instalação dos aparelhos de reanimação, a taxa de sobrevivência subiu para os 36 por cento.

Os responsáveis pelo estudo defendem, por isso, que a colocação de desfibriladores externos em centros geriátricos, hospitais, estádios desportivos, complexos comerciais, hotéis e edifícios de escritórios poderia salvar 522 vidas por anos nos Estados Unidos da América (EUA) e Canadá.

Esta não é a primeira investigação a sugerir a colocação destes dispositivos em pontos com muita afluência de público ou em locais em que as pessoas apresentam um elevado risco cardíaco. No entanto, nem sempre se encontra presente uma pessoa com conhecimentos suficientes para poder utilizá-los, salienta Fernando Arribas, presidente do Departamento de Arritmias e Electrofisiologia da Sociedade Espanhola de Cardiologia, citado pelo Correo Farmacéutico. Para além disso, acrescenta o responsável, a situação nos EUA não é, de todo, comparável com o panorama europeu, uma vez que este país se encontra muito mais avançado em questões de sensibilização social, desenvolvimento legislativo e na extensão de instalação destes aparelhos.

Actualmente não existem dados conclusivos sobre os benefícios de colocar desfibriladores em zonas públicas. “Os dados são contraditórios”, afirmou Juan López Mesa, secretário e director do Plano nacional de Reanimação Pulmonar da Sociedade Espanhola de Medicina Intensiva, de Crise e Unidades Coronárias, em declarações ao Correo Framacéutico. “Existem estudos que afirmam que [a colocação dos aparelhos nos locais mencionados] reduziria as mortes por enfarte do miocárdio em 30 por cento, e outros falam numa redução de apenas 2 por cento ou menos. Não nos podemos esquecer que este é um assunto controverso, no qual se misturam interesses económicos”, frisou.

Em Portugal, as informações sobre a presença destes dispositivos são escassas. Dados avançados pelo jornal Público, no final de Agosto do ano corrente, indicavam que os desfibriladores automáticos externos estavam presentes em apenas 37 das 244 ambulâncias do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) e nas 37 Viaturas Médicas de Emergência e Reanimação (VMER) em funcionamento.

O mesmo artigo falava ainda no interesse demonstrado por várias empresas privadas em adquirir estes aparelhos, como é o caso dos hotéis. Mas é necessário que haja alguém com formação adequada para permitir a vigilância e boa utilização em cada caso. Para além disso, e ao contrário do que acontece nos EUA, em Portugal a aplicação dos desfibriladores automáticos externos é considerada um acto médico e só por delegação pode ser usado por não médicos.

Marta Bilro

Fonte: Correo Farmacéutico, Público.

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