sexta-feira, 16 de novembro de 2007

Portugal comercializa dois medicamentos para emagrecer que provocam problemas psiquiátricos

As conclusões de dois estudos realizados no Canadá e na Dinamarca revelaram que três medicamentos usados para emagrecer, aumentam o risco de reacções adversas do foro psiquiátrico, como a depressão e a ansiedade, sendo que o Infarmed confirmou já que dois destes medicamentos são vendidos em Portugal.

O estudo realizado no Canadá, pela Universidade de Alberta, tinha o objectivo de avaliar a eficácia a longo prazo de três medicamentos usados no tratamento da obesidade e do excesso de peso - Rimonabant, Orlistato e Sibutramina - e demonstrou que estes fármacos só permitem uma pequena perda de peso de menos de cinco quilos, provocando um aumento do risco de problemas de humor, como a depressão e a ansiedade.

O Infarmed, apesar de admitir que dois destes medicamentos estão à venda em Portugal e que eles podem realmente provocar estados depressivos e de ansiedade, considera que a questão é secundária, uma vez que "todos os efeitos secundários que tenham sido observados estão descritos nos resumos dos medicamentos", estando por isso os pacientes informados.

"Nenhum medicamento é perfeito, todos têm prós e contras. A recomendação da Infarmed é que qualquer medicamento seja tomado de acordo com aconselhamento médico", sublinha a mesma fonte.

Em relação ao outro estudo, foi realizado pelo departamento de nutrição humana da Universidade de Copenhaga e publicado na revista britânica "The Lancet", tendo revelado que o medicamento Rimonabant, também usado para a cessação tabágica, aumenta o risco de doenças psiquiátricas nos doentes.

Este estudo envolveu 4.105 pacientes, que não tinham até então tendências depressivas e demonstrou que, passado um ano, aqueles que tinham tomado o Rimonabant (20 miligramas por dia) tinham perdido uma média de 4,7 quilos mais do que os que tomaram um placebo, mas que tinham 40 por cento mais de probabilidades de sofrer de um problema psíquico grave.

Verificou-se ainda que a propensão para abandonar o tratamento por motivos de depressão nos doentes medicados, era mais de o dobro quando comparado com o risco nos doentes que tinham tomado o placebo, e que a probabilidade de desistir do medicamento por desenvolvimento de problemas de ansiedade era o triplo.

Ainda que em poucos casos, este medicamento poderá mesmo levar à ideia constante de suicídio e até ao próprio acto tentado.

Em Julho deste ano, a Agência Europeia do Medicamento decidiu manter a comercialização do Rimonabant, excluindo apenas a venda a pacientes com depressão grave e/ou em tratamento com medicamentos anti-depressivos, dado os riscos de danos psiquiátricos.

O Rimonabant está, ainda assim, disponível em países como a Áustria, Dinamarca, Alemanha, Grécia e Reino Unido.

Inês de Matos

Fonte: Lusa

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