segunda-feira, 16 de julho de 2007

Nova pista pode abrir caminho a novos tratamentos
Identificado quinto gene implicado no desenvolvimento da diabetes de tipo I


Uma equipa de investigadores da Universidade de Filadélfia, nos Estados Unidos, e da Universidade de McGill, em Toronto, no Canadá, abriu caminho ao que pode vir a ser o futuro na prevenção da diabetes de tipo I (a chamada insulino-dependente ou juvenil, já que surge normalmente em indivíduos com menos de 30 anos, e que afecta 10 a 15 por cento dos diabéticos), ao identificar um gene ligado ao processo de desenvolvimento da doença.

De acordo com os dados de um estudo publicado na edição deste mês da revista científica britânica «Nature Genetics», os cientistas norte-americanos, liderados por Hakon Hakonarson, acompanharam mais de 500 pessoas que sofriam de diabetes, tendo confirmado o papel de diversos genes no desencadear da maior propensão para aquela doença, enquanto os especialistas canadianos examinaram o genoma de 1046 crianças que estavam a ser seguidas nas consultas do Hospital Pediátrico de Filadélfia e em quatro cidades do Canadá. Constantin Polychronakos, director da unidade de endocrinologia da Universidade McGill e um dos responsáveis por este estudo, disse que “o melhor conhecimento dos genes que predispõem para a diabetes de tipo I poderá permitir aos médicos, num futuro próximo, proteger os recém-nascidos, ao assinalar as crianças que correm um maior risco de contrair a doença.
A investigação agora divulgada adiciona novas informações ao conhecimento que já existia, relativo a quatro outros genes ligados ao desenvolvimento da diabetes insulino-dependente, em que o sistema imunitário destrói as células produtoras de insulina no pâncreas, obrigando o diabético a submeter-se a injecções frequentes daquela substância, a fim de manter controlada a quantidade de açúcar no sangue. De acordo com o artigo publicado na «Nature», os cientistas esperam descobrir, à medida que o estudo avança, novos genes implicados no processo, estimando que haja uns 15 a 20 ainda por identificar, e que poderão interagir entre si. Os cientistas confirmaram as informações de que já dispunham relativamente à localização dos quatro genes ligados à diabetes, e identificaram o KIAA0350, um gene alojado no cromossoma 16 e que actua sobretudo nas células imunes.
A diabetes de tipo I é uma doença auto-imune, o que significa que, nos indivíduos doentes, é o seu próprio organismo que ataca as células encarregadas de produzir a insulina, levando à incapacidade de assimilar correctamente o açúcar, que acaba por se acumular, em quantidade excessiva, no fluxo sanguíneo. Se o pâncreas não for capaz de produzir a quantidade suficiente de insulina para inverter a situação, surge a diabetes de tipo I, que aparentemente tem origem genética e que, quase sempre, se desenvolve na infância ou na adolescência, como resultado de uma destruição parcial do pâncreas. A diabetes é uma das doenças mais disseminadas nos países desenvolvidos, afectando largos milhões de pessoas em todo o mundo.

Carla Teixeira
Fonte: Ciência Hoje, PR Newswire, El Mundo

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