segunda-feira, 16 de julho de 2007

Valorização da rupia leva farmacêuticas indianas a diversificar estratégias

As empresas farmacêuticas indianas estão a apostar no desenvolvimento de novas estratégias que lhes permitam contrabalançar a rigorosa quebra nas margens de lucros, imposta pela sobrevalorização da rupia ao longo dos últimos seis meses. Enquanto as produtoras de genéricos preferiram adoptar planos restritos no mercado de câmbios internacional, as produtoras a contracto e empresas que realizam ensaios clínicos optaram por acordos contratuais sobre uma taxa fixa para neutralizar as flutuações das taxas de câmbio.

A Ranbaxy está a reduzir as exportações directas da Índia, fornecendo o mercado global através de localizações no estrangeiro. A Ohm Labs, unidade da Ranbaxy nos Estados Unidos da América, abastece o mercado norte-americano; a Terapia, na Roménia, disponibiliza os produtos para a Europa; a Be-Tabs Pharmaceuticals fornece a região do Sul de África e a unidade chinesa oferece provisões aos mercados vizinhos.

“A valorização da rupia não tem tido impactos notáveis nos ganhos da Ranbaxy relativamente às exportações”, uma vez que a empresa tem combatido as perdas através de medidas de compensação dos preços, afirmou um representante da farmacêutica indiana. Para além disso, “a Ranbaxy possui unidades de produção em 10 países estrangeiros que provisionam vários mercados mundiais, o que, por si só, funciona também como uma auto-defesa automática, que recusa qualquer possível impacto nos ganhos da empresa”, acrescentou o mesmo responsável.

A rupia foi apreciada em cerca de 8,5 por cento face ao dólar nos últimos seis meses, aproximadamente 5,6 por cento face à libra e cerca de 5,07 por cento relativamente ao euro. Muitas empresas farmacêuticas estão a compensar a exposição ao mercado cambial internacional combatendo as perdas através da compensação de preços. Quaisquer perdas nas exportações causadas pela valorização da rupia são equilibradas pelos ganhos das importações, onde a compra de matérias-primas se torna mais barata, especialmente para determinados compostos farmacêuticos activos adquiridos a partir da China.

Até a escala de implicação das valorizações e depreciações na competitividade das exportações depende dos padrões de facturação das exportações. Assim, o facto de cerca de 80 por cento das exportações dos compostos farmacêuticos activos da Índia serem facturadas em dólares indica que os dados do jogo estão, por enquanto, contra os exportadores indianos, sublinham os especialistas.

A maioria das farmacêuticas do país tem grandes quantidades de capital associado ao dólar norte-americano que foi adquirido na forma de empréstimos comerciais em moeda estrangeira, o que fará com que, em parte, consigam contrabalançar a quebra nas operações que deverão enfrentar devido à valorização da rupia. Entre as maiores emissoras de capital adquirido através de empréstimos comerciais em moeda estrangeira estão a Ranbaxy (319 milhões de euros), a Sun Pharma (254 milhões de euros), a Aurobindo (199,5 milhões de euros) ou a Strides (145 milhões de euros).

Marta Bilro

Fonte: The Times of India.

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