quinta-feira, 2 de agosto de 2007

Ressonância “mais confiável” do que mamografia

No diagnóstico do cancro da mama, a ressonância magnética é “mais confiável” do que a mamografia. A conclusão saiu de dois estudos conduzidos por oncologistas da Clínica Mayo (EUA). A mesma investigação elege, também, a ressonância para a detecção de novos tumores em casos já diagnosticados.

Uma das descobertas – segundo os resultados apresentados durante o encontro anual da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (Asco na sigla inglesa) – indica que os tumores ipsilaterais (na mesma mama afectada) e contralaterais (na mama antes não afectada) “possuem padrões distintos.”

Ao comparar dois exames na detecção de cancro de mama ipsilateral, os investigadores descobriram que “os exames de ressonância detectaram tumores não observados pela mamografia em 16% das 390 doentes.”

“O exame de ressonância em toda a mama é importante especialmente para mulheres jovens, já que nestas pacientes os tumores tendem a ser mais agressivos”, conluiram os cientistas com base no primeiro estudo.

No que concerne ao segundo estudo (focado na detecção de cancro de mama contralateral), os especialistas anunciaram que “o exame de ressonância detectou tumores não encontrados na mamografia em 3,2% das 401 mulheres estudadas.”

Recorde-se que, em Abril passado, a American Cancer Society (Sociedade Americana de Oncologia) aprovou novas directrizes onde é recomendado: “As mulheres na faixa de alto risco de desenvolvimento de cancro de mama devem se submeter a exames anuais de ressonância magnética e mamografia a partir dos 30 anos de idade.”

Por cá…

De acordo com os dados mais recentes da Liga Portuguesa contra o Cancro (LPCC), por ano, no País, aparecem 4500 novos casos e morrem 1.800 doentes. A Sociedade Portuguesa de Oncologia (SPO) calcula que, cerca de 1 em cada 10 mulheres, virá a desenvolver cancro da mama ao longo da sua vida.

Vítor Veloso, presidente da LPCC, disse corroborar da recomendação deste exame, em Portugal, às mulheres com grande risco de desenvolver este tipo de cancro, reforçando que "a imagiologia por ressonância magnética é fundamental para o despiste de pequenas lesões em mamas de risco."

O custo, esse, é elevado (cerca de cinco vezes superior ao de uma mamografia), no entanto, Vítor Veloso considerou que o Serviço Nacional de Saúde "tem toda a obrigação de comparticipar esses exames", sustentando que "as mamas de grande risco não são tantas que fosse incomportável - representam um máximo de cinco por cento dos casos e é hoje em dia consensual a sua utilidade" concretizou.

Por seu turno, - contactada pelo Farmacia.com.pt – uma fonte do IPO do Porto informou que a ressonância “não é usada em todas as utentes” justificando que “o País não tem capacidade económica para fazer do exame um método de rastreio.” Embora reconhecendo a diferença (relativamente à eficácia) entre os dois exames, esclareceu que, a ressonância magnética à mama “infelizmente, só é feita em situações muito especiais.”

Raquel Pacheco

Fontes: Soxhlet/LPCC/CiênciaHoje/SPO/contacto telefónico IPO-Porto

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