terça-feira, 23 de outubro de 2007

Psoríase pode desencadear obesidade

Estudo norte-americano relaciona doença de pele com aumento de peso, problemas cardiovasculares, hipertensão, colesterol e ataque cardíaco

À luz de um artigo publicado, este mês, na revista Britsh Journal of Dermatology (BJD) a psoríase pode estar associada à obesidade. A relação foi feita com base na recolha de depoimentos médicos e especialistas da Faculdade de Medicina da Universidade de Nova Iorque e do Instituto de Pesquisas Baylor, no Texas.

De acordo com os autores do estudo, doentes com psoríase - uma doença de pele auto-imune - apresentam um risco maior de desenvolverem obesidade e doenças cardiovasculares, inclusive, sofrer um ataque cardíaco.

Embora não seja novidade o facto de as pessoas mais, severamente, acometidas por doenças inflamatórias - com reflexo no sistema imunitário - estarem mais predispostas ao surgimento de problemas cardiovasculares, houve um resultado que ressaltou à atenção dos investigadores: “Contrariamente à artrite reumatóide, nota-se uma tendência maior dos pacientes com psoríase desenvolverem obesidade e as suas consequências - hipertensão, níveis alterados de colesterol e triglicerídeos, assim como, a resistência à insulina”, divulga a BJD.

A causa da relação entre psoríase e obesidade não foi apontada em concreto, contudo, os especialistas sugerem a possibilidade de estarem relacionados “múltiplos factores”, atribuindo um papel de revelo ao próprio tratamento que envolve o uso de corticosteróides.

Neste sentido, os autores advertem para a relação e defendem que os profissionais de saúde que atendem doentes com psoríase “devem prestar extrema atenção e cautela e devem tratar, de forma multidisciplinar, todos os problemas envolvidos, procurando aumentar a taxa de sobrevivência dessas pessoas.”

Portugal: 2% de psoriáticos

A psoríase é uma doença crónica e inflamatória da pele que se caracteriza por manchas cobertas de escamas e por prurido variável, por isso, diz-se que é uma doença eritemática e escamativa. A sua origem é multifactorial, o que significa que não existe apenas um factor que a causa, mas vários.
No que respeita à artrite psoriática, calcula-se que 10% das pessoas desenvolvam esta forma de psoríase que é, em alguns casos, incapacitante. Cerca de dois por cento da população portuguesa são afectados por esta doença, que atinge os dois géneros de forma quase similar (havendo uma ligeira predominância no feminino), entre os 10 e os 30 anos. Embora seja menos frequente, pode também afectar bebés e idosos.

Esperança: genes e fármaco injectável

Existe uma variedade de tratamentos para a psoríase, mas não existe cura. Os tratamentos são, então, elaborados para: atenuar ou suspender o desenvolvimento dos sintomas, promover um maior bem-estar ao doente face a si próprio e prevenir infecções secundárias.Os tratamentos podem ser de três tipos: medicamentos sistémicos que actuam a partir do interior do corpo, os medicamentos de aplicação local e a fototerapia.

Assim, a esperança dos psoriáticos reside na descodificação do genoma humano. Espera-se que, finalmente, se faça luz sobre qual ou quais os genes responsáveis, para que se possa, depois, trabalhar na cura.
No entanto, tal como noticicou oportunamente o farmacia.com.pt, um fármaco experimental ABT-874 para a psoríase, da Abbott Laboratories, continuou a ser efectivo após os pacientes terem parado com o tratamento.
A Abbott planeia iniciar, no final deste ano, a última fase de testes do ABT-874, tratamento injectável, que atinge duas proteínas ligadas à inflamação na psoríase, a Interleucina-12 e Interleucina-23, e para outros distúrbios, nos quais o sistema imunitário ataca o próprio organismo. O fármaco poderá ser comercializado em 2010.

Raquel Pacheco

Fonte: British Journal of Dermatology (Outubro)/ psoriase.web.pt/CiênciaViva.pt/farmacia.com.pt

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