quinta-feira, 21 de junho de 2007

Esquizofrenia: Pior prognóstico para os homens

Conclusões do maior estudo europeu divulgadas amanhã no Porto

Mulheres casadas, com emprego e vida social activa são – entre doentes com esquizofrenia – o grupo mais estável. O pior prognóstico está associado aos homens. Esta é uma das conclusões que sai do maior estudo europeu feito em doentes com esquizofrenia e que, amanhã, será divulgado durante o IV Colóquio Internacional de Esquizofrenia que decorre, até sábado, no Porto, na Fundação de Serralves.

«Esquizofrenia: Custo-eficácia – do adoecer ao tratar» («Schizophrenic Outpatients Health Outcomes» em inglês) é o tema do estudo que vai estar em cima da mesa e que envolveu 10 países da Europa e cerca de 11 mil doentes durante 3 anos de acompanhamento. A investigação contou com a participação de 175 doentes, sendo que, estima-se que existam, no País, entre 60 a 100 mil doentes esquizofrénicos.

De acordo com um comunicado da organização do evento, serão apresentados, no Porto, os dados mais recentes relativos à patologia. Levantando a “ponta do véu”, a mesma fonte antecipou que “o estudo revela que as mulheres com companheiro ou marido, emprego e vida social activa atingem, mais facilmente, a regressão dos sintomas. O pior prognóstico aparece associado aos homens.”

“As últimas conclusões do estudo iniciado, em 2001, mostraram que a taxa de recaída ao fim de 3 anos é de aproximadamente 25% (em doentes com formas menos graves da doença) e que o facto de ser mulher, ser socialmente independente, estar numa situação laboral remunerada, ter um cônjuge ou companheiro, muito contribuiu para a remissão da doença”, revelou a organização.

"Por estas razões parece oportuno que se discutam estes temas com vista a optimizar a utilização de recursos no tratamento da esquizofrenia. Foi a pensar nisso que organizamos este IV Colóquio de Esquizofrenia do Porto. Este é um novo momento importante para debater as mudanças necessárias", frisou o coordenador do estudo em Portugal e presidente do colóquio.

João Marques Teixeira explicou que a lógica que presidiu à distribuição dos temas “sustentou-se na necessidade de se percorrer os caminhos dos custos da doença para se chegar às relações de custo-eficácia quer do tratamento farmacológico, quer da estratégias de reabilitação.”

A esquizofrenia constitui uma das doenças que mais contribui para a despesa com a saúde nos países desenvolvidos. “Calcula-se que nos países europeus contribua com 1,9% do total do orçamento para a saúde. Na maioria dos países os custos directos com a doença representam apenas 1/3 do total dos custos, reservando-se os restantes 2/3 para os custos com os cuidadores informais e custos indirectos”, informou ainda o professor da Universidade do Porto.

Refira-se que, no Congresso Internacional de Esquizofrenia que decorreu, no Porto, em 2005, uma das conclusões polémicas e imediatas que um inquérito (realizado no País a 50 instituições) permitiu tirar - foi a inexistência de uma rede nacional de reabilitação do doente com esquizofrenia.

"O que existe na realidade é um conjunto de serviços isolados sem qualquer ligação em rede", denunciava, na altura, Marques Teixeira.

Esquizofrenia: o que é?

A esquizofrenia é uma das doenças mentais mais graves e incapacitantes do mundo, não só para o doente, mas também, para toda a sua rede de relações sociais e familiares.

Na prática, resulta numa profunda mudança da personalidade, do pensamento, dos afectos e do sentido da própria individualidade. É uma perturbação grave que leva o doente a confundir a fantasia com a realidade e que geralmente conduz a modos de vida inadaptada e ao isolamento social.

Em Portugal, existem cerca de 100 mil doentes esquizofrénicos, ou seja, cerca de um por cento da população nacional, números que acompanham a prevalência a nível mundial.

Raquel Pacheco

Fonte: Organização do evento/ABC da Saúde

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