quinta-feira, 21 de junho de 2007

Investigação farmacológica não tem tido sucesso

Novo tratamento para a Doença de Chagas

Uma equipa de investigadores argentinos anunciou este mês um novo tratamento para a Doença de Chagas, responsável por cerca de 50 mil mortes por ano em todo o mundo. A nova terapêutica, semelhante à diálise, tira de circulação os anticorpos nocivos que podem aderir ao coração, filtra o sangue no exterior do corpo e volta depois a inseri-lo no organismo.

A investigação de medicamentos para aquela enfermidade doença não tem obtido sucesso, e o fármaco mais utilizado, o benzonidazol, exige um tratamento prolongado – um a dois meses – e revela grande potencial de efeitos secundários, não sendo eficaz na fase crónica da doença. De acordo com o cientista Mariano Levin, que coordenou a pesquisa realizada por especialistas do Instituto de Engenharia Genética e Biologia Molecular do Conselho Nacional de Pesquisas Científicas e Técnicas da Argentina, esta descoberta “poderá constituir uma alternativa ao transplante cardíaco”, dando ao paciente “alguma esperança de sobreviver sem esse transplante”.

Tida como “a sida dos pobres” pela sua elevada disseminação nas zonas rurais da América Latina, onde se estima que atinja actualmente 20 milhões de pessoas, a Doença de Chagas actua lentamente, deteriorando as funções do coração, causando arritmia cardíaca, que pode levar à morte súbita. Não obstante a alta intensidade da investigação desenvolvida em todo o mundo com vista à sua erradicação, a doença não dispõe ainda de um tratamento eficaz, e nem sequer se conseguiu ainda criar uma vacina que permita optimizar a sua prevenção. A luz surgiu ao fundo do túnel quando o tratamento desenvolvido pelos cientistas argentinos demonstrou eficácia nos testes laboratoriais, mas as autoridades sanitárias do país ainda não deram o seu aval à nova terapêutica.

O grupo de investigadores liderado por Mariano Levin concebeu um teste com vista a proceder ao diagnóstico da patologia, que tem como objectivo detectar anticorpos gerados contra o parasita.

Os cientistas argentinos acreditam ter criado uma terapia capaz de resolver o problema, através da filtragem do sangue do doente, como acontece na hemodiálise.

A Doença de Chagas causa grande desconforto entre os doentes que se encontram na fase inicial de desenvolvimento da doença, que em regra têm dificuldade em aceitar que não exista um medicamento capaz de travar a progressão daquela patologia antes de ela atingir órgãos vitais.

A concepção de fármacos eficazes tem sido o grande desafio dos investigadores à escala mundial. O benzonidazol e o Nifurtimox são utilizados nos países em que a doença, transmitida pela picada de um insecto ou quando os excrementos chegam à boca, aos olhos ou a eventuais ferimentos do ser humano, é endémica, embora se saiba que o agente causador da Doença de Chagas pode permanecer em fase latente durante várias décadas, sendo diagnosticada apenas quando o paciente desenvolve os primeiros sintomas de índole cardíaca, que podem ser fatais. Em Abril a Organização Mundial de Saúde, com o apoio da farmacêutica alemã Bayer, reforçou o seu programa de luta contra a Doença de Chagas. Aquele laboratório doou 2,5 milhões de embalagens de Nifurtimox, suficientes para tratar 30 mil pessoas durante cinco anos.

Carla Teixeira
Fonte: UOL Notícias, Agência Efe, Revista Panamericana de Infectologia, Agência Fiocruz, ibahia.com, Terra.com.br

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