terça-feira, 5 de junho de 2007

Lybrel estará à venda em Portugal em 2008

As mulheres portuguesas que sofrem de períodos menstruais muito dolorosos ou tão intensos que se tornam anormalmente incómodos, ou mesmo aquelas que não gostam de passar pela experiência mensal da menstruação, poderão, no próximo ano, começar a consumir a nova pílula anticonceptiva, que lhes permitirá, de uma forma saudável e controlada, deixar de ter períodos menstruais.

De acordo com um estudo publicado no site Contraception, a Lybrel, uma pílula de uso contínuo, não representa qualquer risco para as mulheres, na medida em que, segundo especialistas em Medicina Reprodutiva, os períodos menstruais não são necessários, tal como não será necessária a habitual interrupção de uma semana na toma de um anticonceptivo oral para assegurar o bem-estar da mulher e garantir que tudo funciona normalmente no seu corpo. Há, no entanto, outros médicos que recordam o facto de não ser ainda conhecido o efeito a médio prazo de uma longa ausência de menstruação para o organismo feminino.
De acordo com o jornal científico «Contraception», investigadores norte-americanos acompanharam mais de duas mil mulheres saudáveis com idades compreendidas entre 18 e 49 anos, em quem testaram os efeitos da administração da nova pílula, ainda antes da sua aprovação pela Food and Drug Administration, a autoridade no sector da saúde dos Estados Unidos, que viria a ser consumada no passado dia 23 de Maio. No estudo clínico as mulheres tomaram, de forma ininterrupta ao longo de 12 meses, a nova Lybrel, que tem uma quantidade de estrogénio semelhante à das pílulas convencionais, mas menor quantidade de progesterona. O novo fármaco deu mostras de ser tão eficaz como os anticonceptivos orais comuns, não tendo apresentado efeitos secundários como dores de cabeça ou alterações de humor, embora em algumas mulheres tenha motivado o surgimento de hemorragias, que os especialistas não esperavam.
Citado pela revista científica «Nature», o investigador David Archer, envolvido no estudo da Eastern Virginia Medical School, mostrou-se convicto de que “não há efeitos secundários imediatos de tomar mais de 90 pílulas por ano”, já que, frisou, “as doses hormonais da Lybrel são relativamente baixas”, o que diminui os riscos associados à toma de contraceptivos orais. A embalagem de Lybrel contém 28 comprimidos, mais sete do que as embalagens de anticoncepcionais comuns, com 90 microgramas de progesterona e 20 de estrogénio. As mulheres que recorrem ao novo fármaco não terão ciclo menstrual, mas a qualquer momento poderão ser surpreendidas por hemorragias inesperadas, especialmente entre os três e os seis primeiros meses do tratamento, e que deverão reduzir-se com a continuação da toma.
Segundo a FDA, que aprovou o novo medicamento, que deverá estar disponível no mercado norte-americano no próximo mês de Julho, as mulheres poderão enfrentar dificuldades em determinar uma gravidez, já que não está garantida uma protecção total e deixa de haver período menstrual, pelo que “as mulheres deverão recorrer à realização de testes de gravidez no caso de desconfiarem de que estão grávidas”. A autoridade norte-americana alerta ainda para o facto de que as fumadoras têm um risco acrescido de desenvolver problemas cardiovasculares sérios. No nosso país, a Lybrel já foi proposta ao Comité de Medicamentos de Uso Humano, sendo de esperar que possa encontrar-se à venda, se for aprovada, em meados de 2008.

Carla Teixeira
Fontes: El Mundo, Drugs.com, Público, TV Ciência, Contraception, Nature

1 comentário:

ptcp disse...

Bom artigo. Mencionar a situação nacional acerca de um tema internacional é importante e um exemplo a seguir.