segunda-feira, 9 de julho de 2007

Estudos preliminares de fármacos para outros males
Novas esperanças contra o cancro


Dois medicamentos concebidos para dar resposta a doenças como a diabetes e a obesidade revelaram eficácia no combate ao cancro. São vias travessas por onde caminha a investigação científica na área da Saúde, materializadas desta feita na descoberta de duas novas esperanças para os doentes oncológicos.

Dois estudos experimentais aferiram a descoberta de propriedades inesperadas em medicamentos que desenvolviam os seus autores. A polémica rosigliatazona, que é indicada para o tratamento da diabetes, demonstrou capacidade para incrementar os efeitos positivos da quimioterapia, enquanto o orlistat, substância activa usada no combate à obesidade, parece ser capaz de destruir as células cancerosas, à luz do que aferiu uma equipa de especialistas da Universidade de Wake Forest, nos Estados Unidos, no âmbito de um ensaio clínico desenvolvido ao longo dos últimos cinco anos, e cujos resultados foram agora publicados na revista «Nature Structural and Molecular Biology».
De acordo com aqueles especialistas, o orlistat actua sobre uma proteína presente na superfície das células afectadas por tumores, responsável pela sua morte. Não obstante, os cientistas afirmam que o medicamento não pode ser usado de forma isolada no combate ao cancro, uma vez que apenas actua no sistema digestivo. A sua mais-valia reside no facto de ele permitir conhecer o mecanismo de acção que predispõe para o desenvolvimento de novas soluções farmacológicas. “A proteína responsável pela destruição das células cancerosas está praticamente ausente nas células saudáveis”, segundo explicou o investigador Steven Kridel, e a descoberta desse aspecto permitiu abrir novos caminhos à ciência médica.
Num outro estudo, que teve por base a administração de rosigliatazona em ratinhos de laboratório, uma equipa de cientistas do Instituto Dana-Farber do Cancro, com sede em Boston, descobriu que a reconversão daquele fármaco para a diabetes é capaz de aumentar a eficácia de vários químicos usados no combate ao cancro. A investigação, publicada na revista «Cancer Cell», explica que a combinação desses platinos (medicamentos de grande toxicidade que muitas vezes geram resistência nos pacientes, que deixam de responder à medicação) com a rosiglitazona reduz significativamente o crescimento dos tumores no pulmão e nos ovários.

Carla Teixeira
Fonte: El Mundo