segunda-feira, 9 de julho de 2007

Estado dificulta o acesso dos doentes reumáticos a terapias adequadas

Dos cerca de 40 mil doentes reumáticos existentes em Portugal, apenas um por cento, cerca de 250 indivíduos, recorre à medicação biológica, cujos resultados possibilitam ao doente levar uma vida praticamente normal.

Depois de a Associação Nacional de Doentes com Artrite Reumatóide (ANDAR) ter entregue ao presidente da Assembleia da República, Jaime Gama, uma petição com 16 mil assinaturas, solicitando um maior acesso dos doentes com artrite reumatóide aos medicamentos essenciais ao tratamento e a comparticipação dos remédios biológicos, chegou agora a vez dos médicos reumatologistas se juntarem à causa.

Aroso Dias, médico reumatologista do Hospital de S. João, no Porto, e membro da Sociedade Portuguesa de Reumatologia considera que o problema “é uma chaga social”, já que em sua opinião “não se compreende as razões porque um doente que não contribuiu para sofrer de uma doença incapacitante não tenha acesso a medicamentos que lhe podem dar qualidade de vida e torná-lo um cidadão activo, fazendo uma vida praticamente normal.”

O Ministério da Saúde a as administrações hospitalares são acusadas de dificultar o acesso de quem sofre de artrite reumatóide às terapias biológicas, devido aos elevados custos dos tratamentos. Tratar cada doente com artrite reumatóide com as terapias biológicas, unicamente disponibilizadas nos hospitais, representa um custo para as administrações hospitalares que pode ascender a 15 milhões de euros anuais.

O reumatologista compara os custos do tratamento da artrite reumatóide aos custos de tratamento de outras doenças, igualmente dispendiosos ou talvez superiores, como os tratamentos da sida ou hepatite C, entre outras doenças. No entanto, estes doentes “têm acesso aos mais recentes medicamentos”, ao contrário dos doentes com artrite reumatóide.

Os doentes, por sua vez, queixam-se de estarem a ser tratados segundo uma perspectiva economicista, já que estes tratamentos têm sofrido diversos cortes de verbas. Contudo, os doentes avisam que o Estado é o principal prejudicado, pois sem o tratamento adequado estão mais tempo de baixa médica e passam mais tempo nos hospitais, em consultas e exames médicos, quando poderiam ser úteis ao País, estando mais tempo a trabalhar.

A artrite reumatóide é uma doença crónica, altamente incapacitante, que atinge cerca de 40 mil portugueses, dois milhões de europeus e um milhão de pessoas no resto do Mundo, predominantemente mulheres, entre os 30 e os 40 anos.

Inês de Matos

Fonte: Correio da Manhã

1 comentário:

Rui Borges disse...

Ter entregado, em vez de, ter entregue.

O Ministério da Saúde a as administrações hospitalares são acusados e não acusadas.