segunda-feira, 9 de julho de 2007

REPORTAGEM
Inoculação potencia imunidade ao organismo...
Vacinas salvam milhões de pessoas


A indução da imunidade através da inoculação, na forma enfraquecida, de agentes causadores de doenças (vacinação), como meio para evitar estados patológicos, constitui uma das acções básicas no domínio da saúde pública e, com excepção do advento do saneamento básico, nenhum outro avanço trazido pela modernidade – nem o surgimento dos antibióticos – teve o mesmo impacto em termos de redução da mortalidade e do crescimento da população mundial.

As vacinas – que a Organização Mundial de Saúde estima terem evitado cerca de dois milhões de mortes apenas em 2002, enquanto cinco milhões de pessoas terão escapado à paralisia provocada pela poliomielite desde 1988, e entre 1999 e 2003 as mortes devidas ao sarampo tenham sofrido uma diminuição de 40 por cento – representam o maior avanço mécico-científico do século XX, porque permitiram a erradicação de doenças como a varíola, e fizeram também baixar, quase ao zero, a prevalência de patologias como a poliomielite, o sarampo ou a difteria, que não há muito tempo eram diagnósticos mortais. Consequentemente, a OMS reconhece a vacinação como um dos investimentos em saúde mais prementes e efectivos em termos de custos.
No entanto, apesar de essencial à salvaguarda do bem-estar dos indivíduos e das sociedades, a vacinação dos adultos é muitas vezes negligenciada, o que em parte se justifica com uma certa ignorância que faz com que se pense que só as crianças têm de respeitar um calendário de imunizações. Exemplo desse alheamento, e de algum obscurantismo dos mais velhos face ao dever da vacinação, é o facto de, na cidade brasileira de São Paulo, onde a vacina contra o tétano é eficaz e disponível nos serviços de saúde, 90 por cento dos diagnósticos ocorrerem em adultos. À luz de dados recentes da OMS, cerca de 45 mil óbitos registados por ano em cidadãos brasileiros adultos devem-se a doenças facilmente evitáveis através do recurso à vacinação.

Profissionais de saúde
Médicos, enfermeiros, pessoal auxiliar e farmacêuticos são profissionais que lidam de perto, e todos os dias, com pessoas infectadas pelas mais variadas patologias. O quadro clínico de um qualquer paciente pode facilmente ser exportado para um destes profissionais de saúde, que devem, por isso, ter cuidados redobrados em termos de salvaguarda do seu estado de saúde, até porque se encontram numa situação em que vêem aumentado o seu risco de contrair infecções, mas também a propensão para as transmitir a outros doentes. Reagindo a esse risco aumentado de doença, a Organização Mundial de Saúde e os responsáveis pelos aparelhos sanitários em todo o mundo recomendam e alertam para a extrema necessidade da imunização dos profissionais de saúde contra certas doenças infecciosas, com uma tríplice fundamentação: proteger os profissionais, as suas famílias e os doentes que lidam com eles.
Apesar de serem instrumentos fundamentais nas estratégias de implementação de programas de vacinação que abarquem toda a sociedade, estudos vários apontam para uma taxa de imunização insuficiente entre médicos, enfermeiros, auxiliares e farmacêuticos, avisando da necessidade de melhorar esses parâmetros. Expostos diariamente a diversas doenças infecciosas – transmissíveis por via aérea (como a tuberculose, a varicela, a rubéola, o sarampo, a gripe, as viroses respiratórias e a doença meningocócita), pelo sangue ou por fluidos orgânicos contaminados (sida, hepatites B e C e raiva), por via fecal/oral (hepatite A, gastroenterite e cólera), ou pelo simples contacto com o paciente (escabiose, pediculose e colonização por estafilococos, entre outras) –, todos os profissionais de saúde, e não só aqueles que trabalham em ambiente hospitalar, devem ter em conta a necessidade de se vacinarem regularmente.
Gripe, hepatite B, sarampo, rubéola e tuberculose (a chamada BCG) são as cinco principais vacinas recomendadas aos profissionais de saúde, a que acrescem as imunizações contra o tétano e a difteria, muito importante para a generalidade da população. Além destas, deve ainda avaliar-se a necessidade eventual de outras vacinas, designadamente contra a poliomielite, a febre tifóide, a febre-amarela ou a coqueluche, tendo em conta a prevalência local de cada uma destas infecções e os riscos individuais de exposição a elas. Em todos os casos é importante a garantia de que o profissional de saúde não representa um risco para os doentes que trata.

Carla Teixeira
Fonte: Livro «Ambientes favoráveis à prática: condições de trabalho = cuidados de qualidade», RiscoBiologico.com, Diário de Notícias, IMIP, informações de fontes próprias

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