segunda-feira, 9 de julho de 2007

Terapêuticas de ARN fomentam parceria entre Roche e Alnylam

A farmacêutica suíça Roche estabeleceu uma aliança com a Alnylam Pharmaceuticals que lhe permitirá aceder à plataforma de tecnologia biofarmacêutica da empresa norte-americana, com vista ao desenvolvimento de tratamentos baseados no processo de interferência de ácido ribonucleico (ARN). A parceria deverá envolver cerca de 734 milhões de euros.

A Alnylam especializou-se no campo das terapêuticas com ARN, uma molécula responsável por possibilitar a circulação da informação genética do ADN para as proteínas. O processo de interferência de ARN tem a capacidade de determinar qual a função de um gene responsável por uma doença e de o desactivar, interrompendo a actividade da doença. O mecanismo de interferência de ácido ribonucleico foi descoberto pelos cientistas Andrew Z. Fire e Craig C. Mello, que lhes valeu o Nobel da Medicina e Fisiologia de 2006.

O ARN é um mecanismo natural que ocorre nas células, sendo responsável por acções chave como ligar e desligar os genes, controlar o desenvolvimento do embrião, podendo até desempenhar um papel importante no desenvolvimento do cancro. Uma vez que muitas doenças são causadas por uma actividade inapropriada de determinados genes, a possibilidade de os desligar através do ARN poderá proporcionar novas formas de tratamento para um largo conjunto de doenças. Este facto tem despertado a atenção das empresas farmacêuticas e a Roche não é a única a preocupar-se com o assunto. A Merck pagou recentemente cerca de 807 milhões de euros à Sirna Therapeutics para aceder às suas terapias de ARN.

“Fundamentalmente, esta tecnologia tem o potencial de tratar doenças de uma nova forma”, afirmou o presidente e director executivo da Alnylam, John Maraganore. O investimento do laboratório suíço é financeiramente determinante para a Alnylan, cujas receitas de 2006 não ultrapassaram os 19,7 milhões de euros. Os termos do acordo prevêem que a empresa norte-americana ceda à Roche uma autorização não exclusiva de utilização da sua tecnologia, mantendo assim os direitos de a licenciar a outras empresas. Segundo o acordo, a farmacêutica europeia deverá adiantar um pagamento de 243 milhões de euros, incluindo um investimento ligeiramente abaixo dos dois milhões de acções do stock da Alnylan, o que representa cerca de cinco por cento das acções da empresa.

A Roche espera iniciar os primeiros ensaios clínicos de fármacos experimentais baseados no processo de interferência da ARN dentro de dois anos. Segundo revelou Lee Babiss, director do departamento de investigação da Roche, os primeiros ensaios com humanos deverão concentrar-se no desenvolvimento de medicamentos para a asma e para a doença pulmonar obstrutiva crónica. De acordo com o mesmo responsável, os tratamentos para a diabetes tipo II e para o cancro colorrectal estarão também entre os primeiros medicamentos baseados em ARN a serem testados em seres humanos.

Marta Bilro

Fonte: Forbes, The Wall Street Journal, Saúde na Internet.

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