terça-feira, 6 de novembro de 2007

Cápsula endoscópica pode detectar cancros em estádios iniciais

Investigadores portugueses esperam que novo método possa também permitir biopsia ou a libertação de fármacos

Uma nova cápsula endoscópica está a ser desenvolvida em Portugal. Os investigadores da Universidade do Minho garantem que este método pode ser promissor na detecção de cancros em estádios iniciais.

“A nova cápsula representa uma técnica de endoscopia digestiva que recorre a uma pequena câmara de vídeo encerrada dentro duma cápsula do tamanho dum comprimido de vitaminas para filmar o tracto gastro-intestinal ao longo do processo de digestão”, explicou a mentora do projecto.

Rosana Dias é investigadora em engenharia biomédica na Universidade do Minho (UM) e trabalha, especificamente, na área da endoscopia por autofluorescência: "Um método promissor na detecção de cancros em estádios iniciais" asseverou, esclarecendo que “a imagem é composta por autofluorescência e por reflectâncias, conseguindo detectar pólipos hiperplásicos, cancro rectal, adenomas displásicos, e mucosas normais, nos diferentes estádios do cancro.”

Sublinhando que a endoscopia é dos exames mais dolorosos para o doente, a cientista sustentou a necessidade de apresentar uma nova solução que permita “olhar para o interior do corpo, sem causar desconforto ao paciente.”

Neste sentido, Rosana Dias está a trabalhar numa cápsula endoscópica “sem fios e não reutilizável, integrada numa estação de trabalho altamente computorizada”, clarificou, acrescentando que “o paciente tem uma série de sensores fixados no seu abdómen para onde a cápsula envia, por radiofrequência (15 fotografias por segundo). Assim, os sensores enviam para o disco rígido do computador onde o médico analisa as imagens.”

Para além da visualização de imagens, segundo revelou a investigadora da UM, há ainda outras funções alvo de estudo que podem ser equacionadas: "Espera-se que esta cápsula permita a incorporação de instrumentos como a biopsia ou a libertação de fármacos."

Recorde-se que, - tal como noticiou o farmacia.com.pt - os Hospitais da Universidade de Coimbra (HUC) usaram, em Outubro passado, uma cápsula para examinar o cólon. Munida com duas câmaras que filmam o interior do intestino, a cápsula endoscópica foi ingerida, pela primeira vez, em Portugal, por um doente que, ao longo de oito ou nove horas, transportou um aparelho (do tamanho de um telemóvel) que depois deixou no hospital para que os resultados fossem analisados pelos especialistas.

Raquel Pacheco
Fonte: UM/farmacia.com.pt

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