terça-feira, 6 de novembro de 2007

Especialista desconhece alegado défice na eficácia
Medicamentos genéricos prolongam terapia?


Não há motivos para crer numa menor eficácia dos medicamentos genéricos, temida por grandes faixas populacionais em todo o mundo. Um conselheiro da Ordem dos Médicos apontou a adesão dos doentes como chave para um melhor ou pior resultado dos tratamentos a que são sujeitos, e garantiu que os problemas que ocorrem com os genéricos também têm lugar quando são usados os chamados medicamentos de marca.

Depois de um clínico ter dito, aos microfones do Rádio Clube Português, que de acordo com a sua experiência aqueles medicamentos prolongam o tempo de tratamento necessário para produzir o mesmo efeito de um medicamento com marca comercial - Hernâni Pinharanda indicou que, com base “empírica e na sua constatação directa”, os antibióticos e anti-inflamatórios genéricos podem prolongar “três a quatro dias” os tratamentos para “atingir o mesmo efeito" -, o presidente do Conselho Consultivo da Ordem dos Médicos para a Medicina baseada na Evidência, António Vaz Carneiro, disse à Agência Lusa que “se houver dúvidas quanto à eficácia dos genéricos os médicos têm de se dirigir ao Infarmed, onde são realizadas análises aleatórias ao controlo de qualidade nos laboratórios”.
O especialista comentou que, “não negando impressões” de médicos sobre alguma falta de eficácia dos genéricos, a adesão dos doentes aos tratamentos poderá ser a chave para a eventual diferença na obtenção de resultados. Lembrando estudos que provam a desconfiança dos doentes em relação aos medicamentos genéricos, indicou que qualquer alteração no “circuito complexo” que vai da receita até à toma do medicamento pode determinar um resultado diverso e não relacionado com a “formulação galénica do medicamento”. Vaz Carneiro admitiu que a impressão de Hernâni Pinharanda pode não ter por base a “qualidade intrínseca dos genéricos”, mas adesão do doente. “O que se passa com os genéricos passa-se com as moléculas originais. Há doentes que respondem melhor”, vincou.
O director do Centro de Estudos da Medicina baseada na Evidência da Faculdade de Medicina de Lisboa sublinhou que há uma grande variabilidade de resposta aos medicamentos, que não é previsível, e que o método de fabrico de genéricos é idêntico ao dos medicamentos de marca, ocorrendo normalmente nos mesmos laboratórios. “Se há um problema com os genéricos, deve haver também com os originais, porque as fábricas são as mesmas”, argumentou.

Carla Teixeira
Fonte: Agência Lusa