quinta-feira, 19 de julho de 2007

Portugueses dão nota negativa ao SNS

A avaliação que os portugueses fazem do Serviço Nacional de Saúde (SNS) é negativa, atribuindo-lhe uma nota de sete valores numa escala de 0 a 20. A nota é justificada pelas longas filas de espera, pelos sucessivos erros administrativos de que a comunicação social tem feito eco e pelas últimas alterações produzidas por Correia de Campos, actual ministro da Saúde, de acordo com uma sondagem Aximage/CM.

Confrontado com os resultados da sondagem, o socialista António Arnault, apelidado de o pai do SNS, considera que “os sete valores são injustos, tanto mais que a última avaliação internacional, feita pela Organização Mundial de Saúde, coloca Portugal no 12.º lugar”, no entanto, atribui o descrédito dos portugueses “à política do actual ministro da Saúde que vai desacreditando o serviço nacional com o encerramento de várias unidades”.

Não se mostrando surpreendido, Arnault considera que a situação é muito grave, servindo de “aviso ao ministro e ao Governo para repensarem as políticas. As constantes notícias de encerramento de unidades de saúde, as manifestações espontâneas de descontentamento dos utentes e tudo o mais faz transparecer uma péssima imagem do SNS.”

Grave é também o facto de os inquiridos, que não utilizaram o SNS nos últimos 12 meses, terem uma opinião bastante negativa do mesmo, dos quais cerca de 60 por cento considera que o funcionamento do SNS é mau ou muito mau, contra apenas 9,9 por cento que o elogia.

O ministro Correia de Campo, desdramatiza a questão, dando conta de que esse valor se ficou a dever aos inquiridos que não frequentaram os serviços públicos de Saúde, alegando que existe uma discrepância de opinião entre utentes, pois “quem não frequenta o SNS tem, normalmente, opinião negativa. Os que frequentam têm opinião positiva. Esta diferença tem sido atribuída por diversos especialistas ao facto de existir uma tendência para os media darem um relevo desproporcionalmente maior às notícias negativas, comparativamente com as notícias positivas”, justifica o ministro.

Na opinião de Jacinto Oliveira, da Ordem dos Enfermeiros, os resultados da avaliação indicam a necessidade de reflexão quanto ao caminho a seguir, não só por parte de “todos os agentes e parceiros da Saúde”, mas “acima de tudo” por parte do “senhor ministro”.

A longas filas de espera para serviços cirúrgicos estão no topo dos exemplos apontados para o mau funcionamento do SNS, principalmente aquelas que envolvem problemas oncológicos, pois em Portugal o tempo médio de espera por uma cirurgia no tratamento de cancro era de 105 dias (três meses e meio), apesar de as sociedades científicas fixarem em 14 dias o tempo máximo de espera para tratamento cirúrgico em oncologia.

De realçar é ainda o facto dos residentes no interior do pais manifestarem uma opinião mais positiva sobre o SNS, enquanto que na comparação por sexos, são os homens que têm uma melhor opinião dos serviços de saúde, com 7,2 valores contra 6,8 das mulheres.

Inês de Matos

Fonte: Correio da Manhã

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