segunda-feira, 11 de junho de 2007

Famílias alegam que vacinas causaram autismo em crianças

Chega hoje a tribunal o processo que envolve as queixas de milhares de famílias que atribuem às vacinas a responsabilidade pelo autismo diagnosticado nas suas crianças. O caso remonta a 1999 altura em que mais de 4.800 famílias apresentaram reclamações junto do governo norte-americano alegando que as crianças contraíram autismo em resultado da vacinação de rotina. A maioria sustentou que o conservante timerosal contido nas vacinas é o responsável pelas disfunções na interacção social e comunicacional fruto da alteração do espectro autista.

Se a justiça considerar que têm razão, as famílias têm direito a uma compensação de um fundo de milhões de dólares norte-americanos. Estudos científicos anteriores não encontraram qualquer ligação entre esta patologia e a administração das vacinas com timerosal.

O caso apresentado em tribunal baseia-se na teoria de que o aparecimento de autismo se deve às vacinas da varicela, rubéola e papeira quando combinadas com outras vacinas que contêm timerosol. Actualmente, o referido conservante já não faz parte dos compostos das vacinas obrigatórias nas crianças, porém ainda pode ser encontrado em algumas vacinas de gripe.

Segundo o W. Rondó Medical Center, muitos pediatras têm colocado a vacinação de rotina sob suspeita, uma vez que muitas vacinas contêm o conservante timerosol, com índices significativos de mercúrio, de alta toxicidade, capaz de causar sérios problemas de saúde. “Considere-se que, actualmente, uma criança recebe 22 ou mais vacinas antes da época escolar – uma simples conta de somar mostra que uma criança de 8 meses que cumpra o calendário de vacinação já se expôs a 237,5 mcg/kg de mercúrio por dia, quando a dose diária permitida não deve ultrapassar a 0,1 mcg”, pode ler-se no Jornal de Saúde da referida clínica publicado on-line.

O autismo é uma disfunção no desenvolvimento cerebral que tem origem na infância, persiste ao longo de toda a vida e pode dar origem a uma grande variedade de expressões clínicas.

De acordo com a Autism-Europe, “as perturbações incluídas no espectro do autismo, Perturbações Globais do Desenvolvimento nos sistemas de classificação correntes internacionais, são perturbações neuropsiquiátricas que apresentam uma grande variedade de expressões clínicas e resultam de disfunções do desenvolvimento do sistema nervoso central multifactoriais".

As pessoas com autismo têm uma grande dificuldade na interpretação da linguagem, devido à dificuldade na compreensão da entoação da voz e da mímica dos outros com quem se relacionam. Uma das características mais comuns é o isolamento social e a insistência na repetição.

Dados da Federação Portuguesa de autismo indicam que há mais rapazes do que raparigas com autismo. A sua proporção é de 4 a 5 para 1. De acordo com estudos feitos por Eric Fombonne no Canadá (2003), para uma população de 10.000 pessoas há 10 pessoas com autismo.

Marta Bilro

Fonte: ABC News, MSN Money, The Seattle Times, W. Rondó Medical Centre, Federação Portuguesa de Autismo, Associação Portuguesa para as Perturbações do Desenvolvimento e Autismo.

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