segunda-feira, 11 de junho de 2007

Tabaco acima dos medicamentos: cigarro é 13ª prioridade no orçamento familiar

O director clínico do Hospital de Santa Maria (HSM), Bugalho de Almeida, apontou o “factor psicológico do preço” dos fármacos como a principal causa para os fumadores não adirem aos tratamentos para abandonar o vício.

“Os fármacos antitabágicos ajudam a cessar um hábito que, terá como consequência, mais tarde ou mais cedo, alterações profundas e irreversíveis no seu estado de saúde”, sublinhou o médico do HSM, advogando, por isso, a necessidade de “motivar e informar bastante as pessoas para que elas compreendam que, efectivamente, estes medicamentos de cessação funcionam.”
“Muitas vezes, não é fácil a pessoa gastar dinheiro na farmácia, nomeadamente em algo que, teoricamente, lhes irá tirar o prazer”, afirmou o clínico, considerando que “é mais fácil arranjar os três euros para comprar um maço de tabaco do que por vezes arranjar 60 euros para investir no tratamento.”
Lamentando, deste modo, o “dantesco” da situação, Bugalho de Almeida defendeu que este tipo de fármacos “deviam ter comparticipação do Estado.”

Preço da cessação tabágica afasta fumadores
De referir que, e segundo noticiou o «Farmácia e Medicamento», o Hospital de Santa Maria foi responsável pela elaboração de um estudo de cessação tabágica que concluiu que 70% dos fumadores – que recorrem à ajuda daquela unidade de saúde – não conseguem deixar o vício porque, não têm dinheiro para comprar os medicamentos.
Os dados da pesquisa – com base num universo de 860 utentes das consultas de apoio ao fumador – revelam ainda que, em média, 21% do orçamento familiar é gasto em tabaco, sendo que os cigarros surgem em 13º lugar na lista de prioridades, acima dos medicamentos.
De acordo com uma responsável pelo serviço de pneumologia do hospital, “a taxa de cessação dos hábitos tabágicos ronda apenas os 27 por cento."

Cancro da laringe: 98 em 100 são fumadores
Conhecidos os números negros do cancro do pulmão, o «Farmácia e Medicamento» apurou ainda que, dos 100 casos de cancros na laringe que são diagnosticados, quase todos os dias, 98 são fumadores.
A esperança é que, na globalidade, as estatísticas provam que está a “fumar-se menos” em Portugal.
O aumento da oferta de produtos antitabágicos nas farmácias, a dispensa de receita médica para este tipo de fármacos e o projecto de legislação mais restritivo, podem ter sido a causa deste novo cenário.

Raquel Pacheco
Fonte: HSM, Sociedade Portuguesa de Pneumologia

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