quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Farmacêuticas investigam influência genética nos efeitos secundários dos medicamentos

Sete das maiores companhias farmacêuticas do mundo formaram um grupo para desenvolver testes genéticos, para determinar quais pacientes poderão estar em risco de sofrer efeitos secundários perigosos devido aos fármacos.

As companhias envolvidas, Pfizer Inc., GlaxoSmithKline Plc,
Abbott Laboratories, Johnson & Johnson, Roche, Sanofi-Aventis e Wyeth, irão combinar as investigações relativas às variações genéticas, de modo a que seja possível prever a probabilidade de um paciente sofrer um perigoso efeito secundário devido à medicação.

As companhias fundaram o Consórcio Internacional de Eventos Adversos para estudar as causas genéticas das más reacções aos fármacos. Os dois primeiros projectos, em parceria com investigadores universitários e com a FDA, consistirão em examinar a razão pela qual algumas pessoas sofrem, como consequência dos fármacos, danos no fígado ou reacções cutâneas raras, como o síndrome de Stevens-Johnson, mas que podem ser fatais. Ambos os efeitos estão associados a diversos fármacos.

Os investigadores irão analisar, a nível mundial, a informação genética dos pacientes que desenvolveram problemas e compará-los com outros que não os tiveram, e que responderam aos fármacos. Desta forma, irão procurar qualquer variação genética entre as pessoas que apresentaram complicações.

As experiências do consórcio poderão permitir às farmacêuticas delinear ensaios clínicos com melhores possibilidades de sucesso, reduzir os custos no desenvolvimento de fármacos e ajudar médicos e pacientes a evitar riscos desnecessários.

Se os fármacos puderem ser suprimidos para os pacientes que apresentam um risco genético de desenvolver efeitos secundários graves, isto poderá não só proteger os pacientes, como também poderá ajudar os fabricantes a conseguirem que os seus fármacos sejam aprovados ou evitar ter de os retirar do mercado.

O presidente executivo do consórcio, Arthur Holden, revelou que as companhias irão contribuir com orientação e com dinheiro, cerca de 1 milhão de dólares por ano cada. A investigação actual irá ser conduzida por serviços contratados e por laboratórios académicos. Investigadores da Universidade de Newcastle, Reino Unido, e da Eudragene, um grupo que inclui cientistas de outros 10 países europeus, irão reunir dados. A Universidade de Columbia, em Nova Iorque, irá receber o centro de análise de dados do grupo, e a Illumina Inc., de San Diego, irá fornecer as ferramentas científicas. É possível que outras companhias se juntem a este projecto posteriormente.

O projecto poderá decorrer entre cinco a dez anos, segundo Holden. Após as experiências relativas ao fígado e às reacções cutâneas, o grupo poderá procurar traços genéticos que tornam as pessoas susceptíveis a batimentos cardíacos irregulares, ganho de peso, falha renal, e outros efeitos secundários provocados por fármacos.

Os dados descobertos pelo grupo irão ser publicados e disponibilizados aos investigadores gratuitamente, segundo divulgou Holden. Nenhuma das companhias irá ter acesso antecipadamente, nem poderá patentear as descobertas. Assim que os resultados forem tornados públicos, qualquer companhia ou laboratório poderá desenvolver e vender testes genéticos para prever efeitos secundários.

Aproximadamente 90 mil pessoas nos Estados Unidos apresentaram, em 2005, reacções adversas, devido aos fármacos, que provocaram a morte, incapacidade ou hospitalização, cerca do triplo em comparação com 1998, de acordo com os dados de um relatório deste mês publicado na “Archives of Internal Medicine”.

A FDA tem estado a examinar o papel que a genética individual tem nas reacções perigosas aos fármacos, num programa que começou em 2004, para modernizar o processo como os produtos são desenvolvidos e avaliados.

Isabel Marques

Fontes: Bloomberg,
www.nytimes.com, http://health.yahoo.com

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