sexta-feira, 6 de julho de 2007

Tolevamer ineficaz no tratamento de diarreia causada por antibióticos

A Genzyme, empresa líder no mercado mundial de biotecnologia, anunciou que a última fase de ensaios clínicos do Tolevamer não indicou quaisquer benefícios extra relativamente a outro antibiótico comum com a mesma indicação terapêutica. O novo fármaco destinava-se ao tratamento da diarreia relacionada com o Clostridium difficile, uma infecção que produz duas toxinas que podem danificar a mucosa do intestino grosso.

O objectivo dos ensaios clínicos era demonstrar que o Tolevamer era mais eficaz do que a vancomicina no tratamento de 1.100 pacientes que sofriam de diarreia associada à infecção por Clostridium difficile. Apesar de ser segura, bem tolerada e das infecções recorrentes serem raras, o medicamento não demonstrou eficácia suficiente, afirmou a Genzyme. A divulgação destas conclusões resultou numa quebra de 5 por cento nas acções da empresa.

O novo fármaco era já considerado um dos mais promissores na sua linha de acção. No entanto, as novas conclusões vieram contrastar com as descobertas da Fase II de ensaios clínicos que davam conta de uma fórmula oral sólida de Tolevamer que cumpria o seu objectivo primário de não ser inferior quando comparado com a vancomicina. “Estes são resultados decepcionantes que alteram as nossas expectativas acerca do potencial de comercialização do Tolevamer num futuro próximo”, afirmou Henri Termeer, director executivo da Genzyme.

O Tolevamer pretendia ser o primeiro medicamento não-antibiótico para o tratamento deste tipo de diarreia causada por uma bactéria que se pode desenvolver e provocar uma infecção intestinal, frequentemente originada pela toma de antibióticos. A Genzyme adiantou que o Tolevamer líquido está a ser alvo de um segundo ensaio em fase final, cujos resultados deverão ser revelados ainda este ano. Os analistas da Cowen & Co. previam que o pico de vendas do novo medicamento pudesse atingir os 147 milhões de euros caso fosse demonstrada a sua eficácia na prevenção do reaparecimento desta infecção.

De acordo com o portal Ciência Hoje, o Clostridium difficile é a principal razão dos casos de diarreia infecciosa contraídos nos hospitais, podendo provocar colite aguda, que pode ter como consequência a remoção de parte do intestino ou até a morte. Contrariamente a outras bactérias, que podem ganhar resistência aos medicamentos utilizados para as eliminar, a Clostridium difficile desenvolve uma reacção peculiar aos antibióticos utilizados para doenças como a pneumonia. Os sintomas começam habitualmente enquanto a pessoa está a tomar os antibióticos. No entanto, em 75 por cento dos pacientes os sintomas surgem entre 1 e 10 dias depois da suspensão do tratamento e em algumas pessoas até depois de 6 semanas.

Marta Bilro

Fonte: The Earth Times, CNN Money, Forbes, Reuters, Manual Merck, Ciência Hoje.