segunda-feira, 25 de junho de 2007

Benefícios no tratamento do cancro superam custos

O surgimento de novos fármacos destinados ao tratamento do cancro tem recebido fortes aplausos por parte dos especialistas, porém levantam-se, actualmente, algumas questões no que toca à relação custo-efetividade. Estudos recentes que analisaram dois medicamentos de combate ao cancro revelam agora que esperança de vida alcançada com a utilização das substâncias compensa os custos do tratamento.

A eficácia no aumento da esperança de vida demonstrada pelo inibidor de aromatase Aromasin (Exemestano) e pelo Herceptin (Trastuzumab), um anticorpo monoclonal, já foi comprovada em ensaios clínicos. O estudo, patrocinado pela Genetech, demonstrou que o custo de adicionar Herceptin ao tratamento com quimioterapia, em pacientes com cancro em fase precoce, ascende aos 19,600 euros anuais, sendo que a qualidade de vida sai beneficiada. Este montante é inferior ao que é gasto com outros medicamentos para tratamento do cancro regularmente utilizados, afirmam os investigadores.

Segundo Lou Garrison, um economista da área da saúde na Universidade de Washington e principal autor do estudo sobre o Herceptin, publicado hoje (25 de Junho) na edição online do jornal “Cancer” da Sociedade Americana de Cancro, “o Herceptin custa muito mais do que muitas das terapias crónicas utilizadas regularmente”, mas representa um bom investimento.

Estes estudos “são sempre importantes quando existe um fármaco ou um procedimento que é dispendioso em comparação com o tratamento regular”, afirmou Nicole Mittmann, uma das autoras do estudo sobre o Aromasin, cientista no “Sunnybrook Health Sciences Centre” e professora da farmacologia na Universidade de Toronto. “Os dados clínicos ainda determinam a decisão de utilizar a medicação, e esta é mais uma peça para acrescentar ao puzzle do processo das tomadas de decisão”, salientou.

Baseando-se nos resultados dos ensaios clínicos e nas taxas de sobrevivência actuais relativas ao cancro da mama, os investigadores prevêem que o Herceptin acrescentará três anos à esperança de vida dos pacientes. A relação custo-efetividade foi determinada através de um termo comum utilizado nos estudos de saúde denominado Ano de Vida ajustado Pela Qualidade (QALY). Esta medida é um ajuste à esperança média de vida baseado na qualidade de vida alcançada. Se o tratamento proporcionar ao doente mais um ano de vida saudável, esse factor contará como um QALY, exemplificam os especialistas.

Marta Bilro

Fonte: Bloomberg, Forbes.

1 comentário:

Rui Borges disse...

Excelente trabalho Marta.