quinta-feira, 26 de julho de 2007

REPORTAGEM

Incidência de cancro deverá aumentar em Portugal
Especialistas querem mais ensaios clínicos

A prevalência de doenças oncológicas é cada vez mais frequente em Portugal, e vários estudos recentes apontam para uma probabilidade de essa prevalência dever aumentar nos próximos anos. O processo de envelhecimento da população e os estilos de vida adoptados por uma cada vez maior massa populacional fazem prever que o número de doentes sofra um aumento considerável. O tratamento do cancro sofreu grande evolução na segunda metade do século XX, e deverá continuar esse trajecto, para o desenvolvimento de terapias eficazes e menos invasivas.

De acordo com um estudo desenvolvido pela Sociedade Portuguesa de Oncologia, em colaboração com a Novartis Oncology e a cadeia de centros comerciais Sonae Sierra, que foi apresentado ontem em Vila Nova de Gaia, e ao qual o farmacia.com.pt teve acesso, estima-se que o resultado da evolução sentida durante os últimos anos – em que foi possível "orientar o tratamento do cancro para o doente e não para a doença", personalizando a terapia tendo em conta as efectivas necessidades de cada paciente – seja uma evolução da investigação oncológica, no sentido de gradualmente ir pondo de lado os clássicos tratamentos de quimioterapia (que incluem um determinado número de tratamentos com as doses máximas toleradas pelo doente) para "opções que seleccionam o seu alvo e actuam apenas onde existe a causa da doença".
No que diz respeito ao tratamento do cancro, o estudo divulgado pela SPO avança como sugestão a realização de mais ensaios clínicos no nosso país, e cita o último relatório sobre aquele tipo de actividades em Portugal, que revela que mais de metade das empresas lusas que desenvolveram investigação na área da Saúde realizaram estudos na vertente da Oncologia. Os especialistas exortam a população a aderir aos ensaios clínicos, considerando que "a capacidade de desenvolver soluções terapêuticas mais eficazes e mais seguras dependerá da capacidade para realizar investigação clínica e de os doentes serem mais propensos a participar em estudos.

Grande Porto
Porque o estudo da Sociedade Portuguesa de Oncologia incidiu na avaliação dos conhecimentos sobre cancro da população do Grande Porto, o farmacia.com.pt resume aqui as principais conclusões, que, como reconheceram os responsáveis presentes na apresentação dos dados – realizada ontem à tarde na Loja Fnac do GaiaShopping – não são representativos da população total do país, mas ilustram um nível satisfatório de informação dos cidadãos portuenses sobre as doenças oncológicas.
Apesar de a maioria dos 298 inquiridos no âmbito de uma iniciativa da SPO, que durante uma semana percorreu vários centros comerciais e ouviu as pessoas sobre este tema) ter dito que está "razoavelmente informada" sobre o cancro, os especialistas consideraram que ainda há muito a fazer. O cancro da mama é a patologia que mais preocupa a população do Grande Porto. As mulheres são as que mais apostam na prevenção, sendo a televisão e a internet fontes privilegiadas na busca de dados sobre as doenças pelos cidadãos, que reclamam um maior número de iniciativas de rastreio e prevenção.

Carla Teixeira
Fonte: Estudo da Sociedade Portuguesa de Oncologia

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