sexta-feira, 17 de agosto de 2007

REPORTAGEM

Hélder Maiato, à conversa com o farmacia.com.pt
Desvendar os segredos da divisão celular


Saber como é que a informação genética de uma célula é transmitida às células da geração seguinte é a pergunta que mais inquieta Hélder Maiato. Aos 31 anos, com uma carreira de mérito reconhecido internacionalmente, o investigador portuense é líder de uma equipa do Instituto de Biologia Molecular e Celular da Universidade do Porto, cujo trabalho desenvolvido desde 2005 gira em torno da busca de respostas que expliquem o surgimento de anomalias nos mecanismos de divisão celular que provocam doenças como o cancro ou a trissomia 21. Uma investigação que poderá abrir caminho a novos fármacos e tratamentos.

A grande inovação do trabalho que está a ser feito pela equipa liderada pelo jovem cientista – que no ano passado foi galardoado com o Prémio Crioestaminal em Investigação Biomédica, e já no decurso deste ano foi distinguido pela Fundação Gulbenkian, além de em 2004 ter conquistado o Prémio da Sociedade Portuguesa de Genética Humana – prende-se com o facto de, explicou, “combinar uma série de tecnologias, não só moleculares, mas também ópticas, relacionadas com lasers, que permitem estudar, dentro da célula ainda viva, a importância de determinadas estruturas, genes e moléculas”.
No final de uma manhã dividida entre os volumes de lombadas grossas que forram as estantes do seu gabinete, o microscópio e um seminário de actualização de conhecimentos sobre ARN, que o farmacia.com.pt acompanhou, Hélder Maiato congratulou-se com o reconhecimento de que tem sido alvo, em termos nacionais e internacionais (a revista «Science» fez recentemente capa com uma fotografia que o seu microscópio revelou), mas frisou que a investigação que a sua equipa tem em mãos é um trabalho contínuo, e que um balanço, em qualquer altura, pecará sempre por ser prematuro. “No fundo, o que estamos a fazer é tentar encontrar respostas. Parece efémero, mas é isso que fazemos”, explica, em nome da equipa que dirige, composta por sete elementos. Tendo em conta que este é “um trabalho de uma vida, e com um grau de certeza insuficiente”, dá porém conta de uma forte convicção: “A ciência é uma área fascinante”.

Carla Teixeira
Fonte: entrevista a Hélder Maiato

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