terça-feira, 31 de julho de 2007

Aprovada comercialização de fármaco inovador para anemia renal

Mircera da Roche permite tratamento com simples dose mensal

A Comissão Europeia aprovou o uso do Mircera (betaepoetina-metoxipolietilenoglicol) medicamento inovador no tratamento da anemia associada à doença renal crónica (DRC), confirmou, ontem, a farmacêutica Roche.

A aprovação do Mircera (betaepoetina-metoxipolietilenoglicol) resulta na autorização de comercialização do medicamento, que será válida em todos os 27 países membros da União Europeia (UE). O parecer favorável foi emitido, em Maio, pelo Comité de Produtos Medicinais para Uso Humano (CHMP), que recomendava a autorização de venda do produto, pelo que, a Comissão Europeia confirmou agora a decisão.

De acordo com o comunicado da Roche, o Mircera é um "activador contínuo do receptor da eritropoietina" (hormona responsável por estimular a produção de glóbulos vermelhos do sangue) e usada no tratamento de insuficiência renal crónica.

“Este fármaco é o primeiro de uma nova classe de agentes quimicamente sintetizados e de acção prolongada que melhor se aproxima dos processos fisiológicos do organismo e representa um avanço no cuidado da anemia renal, promovendo um esquema único de dosagem mensal”, destaca o laboratório suíço no comunicado.

Indicado para pacientes em pré-diálise e diálise, a fórmula estrutural do Mircera (betaepoetina-metoxipolietilenoglicol) “mantém uma menor aderência aos receptores da eritropoietina, o que permite uma degradação mais lenta e contínua do hormona, traduzindo-se, deste modo, numa significativa redução do número de aplicações no tratamento da anemia relacionada à doença renal crónica”, esclareceu a Roche, concretizando que este fármaco “substitui uma quantidade de injecções que pode chegar a 144 aplicações ao ano nos tratamentos actualmente disponíveis por apenas 12 aplicações anuais (uma vez ao mês).”

A aprovação de foi baseada em resultados de segurança e eficácia do maior programa clínico já realizado para um medicamento voltado ao tratamento da DRC. O programa foi composto por 10 estudos globais que envolveram 2.737 pacientes em 29 países. A base de dados incluiu 1.789 indivíduos tratados com Mircera e 948 com algum outro agente estimulador da eritropoiesi.

Reacções adversas: 6%

O grupo Roche estima que apenas cerca de 6% dos doentes que venham a utilizar este novo medicamento apresentem reacções adversas, sendo a hipertensão a mais apontada.

A farmacêutica sedeada na Suiça destacou ainda que o Mircera “é o primeiro agente estimulador da produção de glóbulos vermelhos aprovado na UE a oferecer um conveniente esquema de dosagem para corrigir a anemia em doentes que não receberam tratamento prévio. O medicamento é também o pioneiro na conversão directa de todos os pacientes tratados anteriormente com algum outro agente a um esquema de dose mensal única.”

DRC atinge 500 milhões

Mais de 500 milhões de pessoas, ou aproximadamente 1 em cada 10 da população em geral, apresentam um certo grau de DRC. Os doentes sofrem uma progressiva deterioração da função renal, geralmente durante um período de vários anos, até que seja necessária uma terapia para a substituição de rim. Os rins apresentam falência e não conseguem secretar eritropoietina, uma proteína produzida pelos rins e que estimula a produção de glóbulos vermelhos na medula óssea.

De acordo com a Sociedade Portuguesa de Nefrologia (SPN), em Portugal, “são cerca de 800 mil as pessoas que sofrem desta doença e o País regista, anualmente, 2200 novos casos de insuficiência crónica terminal, fase em que a doença conduz à falência do órgão, existindo actualmente 14 mil doentes dependentes de diálise ou de transplante renal.” Para a SPN, a DRC “constitui um grave problema de saúde pública”, frisando que “a actual epidemia de diabetes e a obesidade poderão contribuir para números mais elevados no futuro.”

Raquel Pacheco
Fonte: Roche/SPN

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