terça-feira, 31 de julho de 2007

CO2 em laser atenua mau hálito

Técnica testada por cirurgiã-dentista brasileira mostrou-se eficaz

O tratamento a laser com dióxido de carbono (CO2) diminuiu substancialmente a halitose ou mau hálito, principal queixa dos pacientes com amigdalite crónica.

A técnica foi testada pela cirurgiã-dentista, Ana Cristina Teixeira, em doentes do Hospital das Clínicas da Unicamp (Brasil) e mostrou-se eficaz, podendo ser adoptada na terapêutica de pacientes que apresentem sintomas da doença.

De acordo com a investigadora, além da melhora da halitose, “o tratamento tem a vantagem adicional de preservar as amígdalas, sem a necessidade de métodos invasivos”, explicando que, para aplicá-lo “basta um procedimento ambulatorial, com anestesia local. A aplicação do laser é feita de quatro a seis sessões, com intervalo mínimo de quatro semanas entre os procedimentos.”

A técnica de laser de CO2 foi desenvolvida em 2004 na Unicamp, pela equipe da professora e orientadora do trabalho de Ana Cristina, Ester Nicola, da Faculdade de Ciências Médicas (FCM). Os testes contemplaram 49 pacientes, mas a cirurgiã-dentista estima que a técnica já tenha sido aplicada em mais de 300 pessoas. O alto custo do laser ainda é um desafio.

Segundo esclarece o site da Unicamp, “a médica estudou os doentes antes, durante e depois das aplicações, para aferir o nível de redução da halitose. Em todos os casos, observou-se a melhora e uma queda significativa, em torno de 30%, marca considerada satisfatória pela cirurgiã-dentista”, acrescentando que, “numa avaliação mais geral, a cirurgiã-dentista constatou, também, que os pacientes apresentaram um quadro de melhora na auto-estima e na auto-confiança.”

De acordo com a dentista, as pessoas que possuem mau hálito “não percebem o momento em que estão exalando o odor devido a um processo denominado fadiga olfatória, em que uma região do cérebro minimiza a sensação desagradável”, sublinhando que “é um problema que merece maior atenção por parte dos profissionais da área, pois a halitose pode ser um sintoma de alerta para doenças mais graves como cirrose, insuficiência hepática, insuficiência renal, diabetes e outras.”


Amigdalite crónica - críptica
A amigdalite crónica é uma doença com grande incidência na população brasileira, atingindo adultos e jovens de ambos os sexos. Trata-se de uma inflamação crónica das amígdalas e traduz-se por hipertrofia e presença de massas caseosas nas críptas amígdalinas, com odor fétido causado por germes banais, saprófitas, aeróbios, anaeróbios, germes específicos, bacilo de kock, e muitas vezes por compostos de células epiteliais de descamação, restos alimentares e neutrófilos degenerados, denominadas de «caseum».

A suspeita de que a formação de cáseos era responsável pelo mau hálito não é nova, porém, ficou comprovada com o estudo de Ana Cristina. O estudo também avaliou rigorosamente os efeitos da aplicação do laser, concluindo que a técnica promove o aumento da abertura da cripta, evitando assim a retenção de alimentos e outras substâncias que servem de substratos para as bactérias produtoras do mau hálito.

Chá
Um grupo de investigadores americanos estudou as propriedades medicinais de um tipo de chá - o polyphenols - e concluiu que a infusão pode matar ou combater a bactéria oral responsável pelo mau hálito. Os investigadores advertem, no entanto, que é muito cedo para assegurar como funcionaria o chá quando ingerido pelos seres humanos. Quando utilizado em cultivos de laboratório, o polyphenols foi extremamente eficaz na supressão das bactérias responsáveis pelo mau odor da boca. "Num dos casos, o polyphenols matou cerca de 90% das bactérias mais associadas ao mau hálito em menos de 20 minutos", garante Christine Wu, professora da Universidade de Illinois na Faculdade de Odontologia de Chicago.


Raquel Pacheco

Fonte: site da Unicamp/apagina.pt

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